O que é um desvio de concordância verbal?

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Desvio de concordância verbal ocorre quando o verbo não concorda em número com o sujeito. O sujeito, núcleo do sintagma nominal, determina a pessoa e o número do verbo.

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A Traiçoeira Concordância Verbal: Desvendando os Desvios

A concordância verbal, a harmonia entre o verbo e seu sujeito, é um pilar da gramática portuguesa. Quando essa harmonia se quebra, temos um desvio de concordância verbal, um erro comum que compromete a clareza e a correção da frase. Mas o que exatamente caracteriza esse desvio e como podemos identificá-lo?

A base da concordância verbal reside na relação entre o sujeito da oração (quem pratica a ação) e o verbo (a ação praticada). O sujeito, elemento fundamental da oração, determina a flexão do verbo em número (singular ou plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Assim, um sujeito singular exige um verbo na forma singular, e um sujeito plural exige um verbo na forma plural. Parece simples, mas a complexidade da língua portuguesa introduz diversas nuances que podem levar a desvios.

Tipos de Desvios e suas Causas:

Os desvios de concordância verbal podem ter diversas origens, e compreender essas origens é fundamental para evitá-los. Alguns exemplos comuns:

  • Concordância com o núcleo mais próximo: Em orações com sujeito composto, o verbo pode concordar com o núcleo mais próximo, ignorando os demais. Exemplo incorreto: “A beleza e os encantos da cidade me encantou.” Correto: “A beleza e os encantos da cidade me encantaram.”

  • Interferência de expressões partitivas ou coletivas: Expressões como “a maioria de”, “a maior parte de”, “uma porção de” podem gerar dúvidas. O verbo pode concordar com a expressão partitiva (singular) ou com o substantivo que a segue (plural). Ambas as concordâncias são aceitas pela norma culta, dependendo do contexto e do tom que se deseja dar à frase. Exemplo: “A maioria dos alunos aprovou/aprovaram na prova.”

  • Sujeito posposto: Quando o sujeito vem depois do verbo, a concordância pode ser afetada pela proximidade de outro termo. Exemplo incorreto: “Choveu pedras e granizo.” (Aqui, o verbo “choveu” concorda com o sujeito oculto “tempo”, mas a presença de “pedras e granizo” pode levar a uma concordância incorreta). A concordância correta, neste caso, seria: “Caiu pedras e granizo.” ou “Choveram pedras e granizo”.

  • Concordância com o predicativo: O verbo pode, em alguns casos, concordar com o predicativo, especialmente em orações com verbo de ligação. Exemplo: “O problema são as dívidas.” Embora o sujeito seja singular (“problema”), o verbo concorda com o predicativo plural (“as dívidas”). Essa concordância é aceitável, porém, deve-se atentar à clareza da frase.

  • Concordância com aparentes sujeitos: Expressões como “é preciso”, “é necessário”, “é bom”, costumam gerar dúvida. O verbo “ser” normalmente concorda com o predicativo. Exemplo: “É necessário paciência.”

A Importância da Correção:

A precisão na concordância verbal é crucial para a clareza e a credibilidade da escrita e da fala. Desvios, mesmo que sutis, podem gerar ambiguidade e prejudicar a comunicação. A prática da leitura e a atenção aos detalhes gramaticais são fundamentais para dominar essa importante regra da língua portuguesa e evitar os desvios de concordância verbal. A consulta a gramáticas e dicionários também pode auxiliar na solução de dúvidas específicas.