Quais são as características da gramática descritiva?

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A gramática descritiva, ou sincrônica, analisa uma língua em um momento específico, focando em como seus falantes a utilizam para comunicação. Descreve seu funcionamento e estrutura formal nesse recorte temporal, sem julgamentos de certo ou errado, apenas registrando seu uso efetivo.

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Desvendando a Gramática Descritiva: Um Registro da Língua em Ação

A gramática, frequentemente encarada como um conjunto de regras rígidas a serem seguidas, revela-se um campo vasto e multifacetado. Dentro desse universo, a gramática descritiva, também conhecida como sincrônica, ocupa um lugar de destaque, oferecendo uma perspectiva única e crucial para a compreensão da linguagem. Ao contrário da gramática normativa, que prescreve o “uso correto”, a gramática descritiva se concentra na observação e análise do uso real da língua em um determinado período. Mas o que isso significa na prática? Quais são as características que definem essa abordagem?

A principal característica da gramática descritiva reside na sua objetividade e imparcialidade. Ela não julga a “correção” gramatical, mas sim descreve como a língua é utilizada por seus falantes em um determinado contexto sociolinguístico. Se uma estrutura gramatical, considerada “incorreta” pela gramática normativa, for amplamente utilizada por um grupo de falantes, a gramática descritiva a registrará como parte integrante do sistema linguístico naquele momento. Não se trata de aprovação ou reprovação, mas de constatação pura e simples.

A natureza sincrônica é outra marca fundamental. Enquanto a gramática diacrônica (histórica) acompanha a evolução da língua ao longo do tempo, a gramática descritiva captura um “instantâneo” da língua em um determinado momento. Ela analisa o funcionamento da língua naquele instante específico, sem levar em consideração as mudanças ocorridas no passado ou as que poderão ocorrer no futuro. Isso implica em um recorte temporal bem definido, que precisa ser explicitado na análise.

A gramática descritiva se baseia em dados empíricos. Sua análise não parte de princípios teóricos pré-concebidos, mas sim da observação sistemática da língua em uso. Corpus linguísticos, entrevistas, gravações de conversas, textos literários e outros materiais são analisados para identificar padrões, estruturas e variações no uso da língua. A análise quantitativa e qualitativa desses dados é crucial para a construção de uma descrição precisa e abrangente.

Além disso, a gramática descritiva demonstra uma preocupação com a variabilidade linguística. Ela reconhece que a língua não é homogênea, mas sim um sistema complexo e dinâmico, sujeito a variações regionais, sociais e estilísticas. A descrição abrange essas variações, registrando as diferentes formas de expressar o mesmo significado em diferentes contextos. A análise de registros formais e informais, por exemplo, faz parte desta abordagem.

Em resumo, a gramática descritiva oferece uma visão rica e detalhada da língua em sua complexidade. Ao se concentrar na descrição objetiva do uso da língua em um determinado momento, sem imposições normativas, ela contribui significativamente para a compreensão da dinâmica da linguagem e da diversidade linguística. Seu trabalho é fundamental não apenas para linguistas, mas também para educadores, tradutores e todos aqueles que buscam um entendimento mais profundo e nuançado da língua em sua vitalidade e constante transformação.