Quais são as três fases da língua portuguesa?

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A origem do português é dividida em três fases: pré-histórica, proto-histórica e histórica, segundo a pesquisadora Amini Boainain Huay.

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As Três Fases da Evolução do Português: Uma Perspectiva Cronológica

A trajetória da língua portuguesa, desde suas raízes até a sua forma contemporânea, é um processo complexo e fascinante, marcado por transformações linguísticas profundas ao longo dos séculos. Embora a periodização da história de qualquer língua seja sempre uma simplificação, a proposta da pesquisadora Amini Boainain Huay, que divide a evolução do português em três fases distintas – pré-histórica, proto-histórica e histórica – oferece uma estrutura útil para compreendermos essa evolução. Vale ressaltar que esta é uma abordagem, e outras classificações podem existir, mas essa nos permite analisar o desenvolvimento de maneira clara e concisa.

1. Fase Pré-histórica: Esta fase, anterior à documentação escrita, abrange o período de formação do galego-português, a língua ancestral comum ao português e ao galego. Aqui, não temos registros diretos, mas podemos inferir sua existência a partir da análise comparativa com outras línguas românicas, especialmente o espanhol e o francês. Neste período, ainda sem delimitação temporal exata, ocorreram as mudanças fonéticas e gramaticais cruciais que diferenciaram o galego-português do latim vulgar falado na Península Ibérica. A ausência de textos escritos impede uma descrição detalhada, mas a reconstrução linguística, baseada em métodos comparativos e em dados das fases posteriores, permite-nos inferir alguns aspectos da sua estrutura. Podemos especular sobre a existência de variantes regionais, o desenvolvimento de características lexicais específicas e o início da divergência em relação às demais línguas ibéricas.

2. Fase Proto-histórica: Esta fase, que se inicia com os primeiros textos escritos em português (ou melhor, em galego-português, considerando a indissociabilidade inicial das duas línguas), nos oferece um vislumbre da língua em seus estágios iniciais de desenvolvimento. Compreende, de maneira ampla, o período entre os primeiros documentos escritos – como o Cântico de Santa Maria e o Códice de Ribeiras – e a consolidação do português como língua independente do galego. Aqui, a análise de textos arcaicos permite observar as características fonéticas, morfológicas e sintáticas do galego-português em diferentes regiões da península ibérica. Esta fase é marcada por uma grande variação linguística, com diferentes dialéticas e níveis de formalidade, refletindo a heterogeneidade sociocultural da época. As mudanças linguísticas continuaram a ocorrer, com a gradual diferenciação entre o português e o galego se acentuando gradualmente.

3. Fase Histórica: Esta fase abrange o período desde a definitiva autonomização do português em relação ao galego até os dias atuais. Caracterizada pela expansão da língua através dos descobrimentos e da colonização, esta fase é marcada por um processo constante de mudanças, influenciadas por diversos fatores, como o contato com outras línguas, as transformações sociais e a própria dinâmica interna da língua. A padronização da língua, impulsionada por fatores como a criação de gramáticas e dicionários, se deu gradualmente e nunca foi completa, levando à persistência de uma rica diversidade dialectal, mesmo após a afirmação da norma culta. A fase histórica é, portanto, a mais extensa e rica em documentação, permitindo um estudo aprofundado de sua evolução e da sua adaptação às diferentes circunstâncias socioculturais.

Em resumo, a divisão em três fases – pré-histórica, proto-histórica e histórica – apresenta uma visão simplificada, mas útil, da longa e complexa evolução do português. Cada fase contribuiu de forma significativa para a formação da língua que falamos hoje, revelando a riqueza de sua história e a sua constante adaptação ao contexto sociocultural. A continuação do estudo dessas fases, com o apoio de novas pesquisas e metodologias, permitirá uma compreensão cada vez mais profunda das origens e do desenvolvimento da língua portuguesa.