Quais são os aspectos morfológicos das Libras?

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A morfologia da Libras envolve a incorporação numérica, a reduplicação e a composição de sinais. Esses processos serão analisados e aplicados à escrita dos mesmos.

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Aspectos Morfológicos da Libras: Uma Análise da Formação de Sinais

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) possui uma estrutura morfológica rica e complexa, distinta da língua portuguesa. Ao contrário das línguas orais, que se utilizam principalmente da sequência linear de palavras para formar sentenças, a Libras explora o espaço e o movimento das mãos, juntamente com expressões faciais e corporais, para criar significados complexos e nuances semânticas. Este artigo explorará alguns dos principais processos morfológicos presentes na Libras, focando na incorporação numérica, na reduplicação e na composição de sinais, com exemplos práticos e sua representação na escrita.

1. Incorporação Numérica:

A Libras incorpora frequentemente a informação numérica diretamente no sinal, modificando sua forma ou movimento para indicar quantidade. Isso evita a necessidade de sinais separados para o numeral, tornando a sentença mais concisa e natural. Por exemplo, o sinal para “DIA” pode ser modificado para indicar “DOIS DIAS”, “TRÊS DIAS”, e assim por diante, variando-se o número de repetições do movimento ou a amplitude do mesmo. A representação escrita dessa incorporação numérica pode utilizar subscritos ou notações específicas, ainda em desenvolvimento e padronização dentro da comunidade surda, mas o contexto é fundamental para a sua interpretação. Por exemplo: DIA2 (Dois Dias) ou DIA(repetição 3x) (Três Dias). A precisão da notação escrita ainda precisa de um maior desenvolvimento e padronização para refletir a riqueza da incorporação numérica na Libras.

2. Reduplicação:

A reduplicação, ou repetição de um sinal, é um processo morfológico frequente na Libras para expressar intensificação, pluralidade ou iteração. Um exemplo claro é o sinal para “RAPIDAMENTE”, que pode ser realizado com uma simples execução ou repetido diversas vezes, aumentando a intensidade do significado. Da mesma forma, a reduplicação pode indicar pluralidade, embora não seja exclusiva para este fim, já que a incorporação numérica, como visto acima, também pode desempenhar essa função. Na escrita, a reduplicação pode ser representada por (RAPIDAMENTE)² ou RAPIDAMENTE(x2), indicando a repetição do sinal. Novamente, a padronização da notação precisa de maiores desenvolvimentos. Entretanto, a descrição detalhada do movimento e a intensidade podem auxiliar na compreensão.

3. Composição:

A composição, ou combinação de sinais, é outra característica fundamental da morfologia da Libras. Neste processo, dois ou mais sinais são combinados para criar um novo significado, geralmente derivado da combinação dos significados individuais dos sinais componentes. Por exemplo, o sinal para “LIBRAS” é frequentemente formado pela combinação de sinais relacionados a “LÍNGUA” e “SINAIS”. Na escrita, pode-se representar a composição por meio da justaposição dos sinais envolvidos, separando-os por um hífen ou similar: LÍNGUA-SINAIS. Porém, a complexidade de alguns sinais compostos exige descrições mais detalhadas dos movimentos e da localização espacial, demonstrando como a escrita da Libras ainda busca uma forma mais eficiente e completa para representar a riqueza da língua.

Conclusão:

A morfologia da Libras é um campo vasto e em constante estudo. A incorporação numérica, a reduplicação e a composição são apenas alguns dos processos morfológicos que contribuem para a riqueza expressiva e a flexibilidade da Libras. A representação escrita desses processos ainda enfrenta desafios, necessitando de maior desenvolvimento e padronização para refletir fielmente a complexidade da língua e facilitar a sua aprendizagem e documentação. A pesquisa contínua e o diálogo com a comunidade surda são essenciais para avançar nesse campo e aprimorar a transcrição e análise da Libras.