Quais são os classificadores em línguas de sinais e são divididos em?

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Os classificadores em línguas de sinais são categorias descritivas, especificadoras, de plural, instrumentais e de corpo, que representam características de objetos e ações.

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Desvendando os Classificadores: A Gramática Oculta das Línguas de Sinais

As línguas de sinais, longe de serem meras traduções visuais das línguas orais, possuem estruturas gramaticais próprias e complexas. Um dos elementos mais fascinantes e distintivos dessas línguas são os classificadores. Ao contrário do português, que utiliza artigos e adjetivos para descrever objetos, as línguas de sinais empregam os classificadores para representar a forma, tamanho, movimento e outras características dos itens em questão. Mas afinal, o que são esses classificadores e como se dividem?

A principal função dos classificadores é categorizar os objetos e ações no espaço de sinalização. Eles não são simplesmente gestos representativos, mas sim elementos gramaticais que carregam informações cruciais para a compreensão da sentença. Pensar neles como “verbos de manipulação espacial” pode ser útil, pois eles descrevem como um objeto se move ou é manipulado, adicionando detalhes que seriam perdidos em uma descrição apenas lexical.

Ao contrário da crença popular de que há uma classificação única e universal, a categorização dos classificadores varia entre as diferentes línguas de sinais. No entanto, algumas categorias são frequentemente encontradas e podem servir como um ponto de partida para a compreensão deste complexo sistema gramatical:

1. Classificadores Descritivos (ou de Forma): Estes classificadores representam a forma básica do objeto. Imagine sinalizar “um carro”. Em vez de apenas formar o sinal para “carro”, um classificador descritivo poderia mimetizar a forma alongada e retangular do veículo, “desenhando-o” no ar com a mão, antes de sinalizar o movimento do carro ou outras ações relacionadas. A forma do classificador carrega a informação da forma do objeto.

2. Classificadores Especificadores (ou Semânticos): Estes classificadores não descrevem a forma, mas sim uma característica específica do objeto. Por exemplo, um classificador poderia indicar que algo é plano, cilíndrico, ou longo e fino, sem necessariamente mimetizar sua forma exata. Eles adicionam detalhes semânticos essenciais à descrição.

3. Classificadores de Plural: Indicam a quantidade ou pluralidade de objetos. Podem envolver a repetição do classificador descritivo ou a utilização de um classificador específico para indicar múltiplos itens de um determinado tipo.

4. Classificadores Instrumentais: Descrevem como uma ação é realizada usando um determinado objeto como instrumento. Imagine sinalizar “cortar um bolo com uma faca”. O classificador instrumental representaria a ação de cortar com a faca, mostrando o movimento e a forma como a faca interage com o bolo.

5. Classificadores de Corpo (ou Locativos): Estes classificadores indicam a localização ou a posição de objetos em relação ao corpo do sinalizador ou no espaço de sinalização. Podem ser usados para mostrar a posição de objetos em uma mesa, ou a localização de partes do corpo. Eles auxiliam na espacialização da informação.

É importante ressaltar que essas categorias não são mutuamente exclusivas e que um único classificador pode apresentar características de mais de uma categoria. A complexidade dos classificadores reside justamente nessa interação e na sua capacidade de integrar forma, movimento e significado de maneira única em cada língua de sinais. A pesquisa sobre classificadores continua evoluindo, revelando a riqueza e a sofisticação das línguas de sinais e sua capacidade de expressar nuances linguísticas de formas inigualáveis. A compreensão desses elementos é fundamental para uma apreciação profunda da estrutura e expressividade dessas línguas tão ricas e diversas.