Qual é a classe de sua?

A Sutileza da Posse: Desvendando a Diferença entre “Seu/Sua” e “Dele/Dela”

A língua portuguesa, rica em nuances, frequentemente apresenta armadilhas para quem busca a precisão gramatical. Uma delas reside na sutil distinção entre os pronomes possessivos “seu”, “sua”, “seus”, “suas” e as locuções adjetivas “dele”, “dela”, “deles”, “delas”. Embora ambos indiquem posse, a escolha incorreta pode levar a ambiguidades e até mesmo a mudanças de sentido na frase.

A afirmação de que “seu, sua, seus, suas são pronomes/determinantes possessivos de terceira pessoa, já dele, dela, deles, delas são locuções prepositivas, compostas da preposição de e pronomes pessoais” é parcialmente correta, mas precisa de um aprofundamento para tornar-se completamente compreensível. A chave para entender a diferença está na referência e na clareza.

“Seu”, “sua”, “seus”, “suas” referem-se à posse de um terceiro elemento que pode ser ambíguo. Imaginemos a frase: “Vi o carro dele e seu.” A quem pertence o “seu” carro? A ambiguidade surge porque não fica claro se o possessivo “seu” se refere ao possuidor do “carro dele” ou a um quarto elemento implícito na frase. Essa ambiguidade é o calcanhar de Aquiles dessa forma de indicar posse.

Já “dele”, “dela”, “deles”, “delas” são mais precisas, pois explicitam a posse através da preposição “de” e o pronome pessoal. A frase “Vi o carro dele e o carro da Maria” é clara e inequívoca. Não há dúvida sobre a posse de cada um dos carros. A utilização da locução prepositiva elimina qualquer possibilidade de interpretação equivocada.

Portanto, a escolha entre “seu/sua” e “dele/dela” não se resume apenas à classificação gramatical. A escolha ideal depende da necessidade de clareza e precisão. Se houver risco de ambiguidade, a locução prepositiva (“dele/dela”) é a opção mais segura, garantindo a compreensão inequívoca da frase.

Em resumo, embora ambos expressem posse, a diferença reside na capacidade de “seu/sua” gerar ambiguidade, enquanto “dele/dela” oferece maior clareza e precisão na atribuição da posse, especialmente em contextos onde mais de uma pessoa possa ser o possuidor. A escolha consciente entre essas formas contribui para a eficácia e elegância da comunicação escrita e falada.