Qual é a classe e subclasse de qualquer?

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Na Gramática da Língua Portuguesa (2ª edição, 1989), qualquer e cada são classificados como quantificadores. Sua função é universal, distributiva e grupal, indicando totalidade ou distribuição individual de um conjunto. A classificação demonstra seu papel na quantificação e distribuição de elementos.

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A Natureza Gramatical de “Qualquer”: Uma Análise Além da Classificação Tradicional

A classificação tradicional de “qualquer” como pronome indefinido, frequentemente acompanhada da menção à sua função quantificadora, apresenta uma visão incompleta de sua complexidade gramatical. Embora a obra “Gramática da Língua Portuguesa” (2ª edição, 1989) o categorize corretamente como quantificador, com suas funções universal, distributiva e grupal, é necessário aprofundar a análise para compreender sua riqueza e nuances de uso. A mera designação como “quantificador” não abarca a amplitude semântica e funcional desta palavra.

De fato, “qualquer” transcende a simples quantificação numérica. Sua natureza ambígua permite que ele se comporte ora como um quantificador universal, ora como um indefinido propriamente dito, dependendo do contexto. A afirmação “Qualquer pessoa pode participar” demonstra a sua função universal, indicando a totalidade de um conjunto. Já em “Pegue qualquer livro da estante”, a função é indefinida, pois a escolha é arbitrária, sem especificar um livro em particular. Observe que, mesmo neste segundo caso, um elemento de quantificação implícita permanece, pois se refere a pelo menos um elemento dentro do conjunto “livros da estante”.

Podemos, portanto, propor uma classificação mais precisa: “qualquer” pertence à classe dos pronomes indefinidos, mas com uma subclassificação específica como pronome indefinido quantificador universal/indefinido. Essa subclassificação destaca sua capacidade de indicar tanto uma quantidade universal (todo o conjunto) quanto uma quantidade indefinida (um elemento qualquer, sem especificação).

A distinção entre a função universal e a função indefinida de “qualquer” é crucial para a interpretação correta da frase. Compare: “Qualquer esforço é válido” (universal – todo esforço é válido) com “Qualquer esforço pode ser suficiente” (indefinido – um esforço qualquer, sem especificar qual, pode ser suficiente). No primeiro caso, a ênfase está na totalidade dos esforços; no segundo, na possibilidade inerente a um esforço arbitrário.

Em resumo, enquanto a classificação de “qualquer” como quantificador é válida em sua função de indicar quantidade, uma categorização mais completa e esclarecedora o posiciona como pronome indefinido quantificador universal/indefinido. Essa subclassificação reflete mais fielmente a sua capacidade de funcionar tanto como um indicador de totalidade quanto de uma escolha arbitrária dentro de um conjunto, revelando a riqueza e a versatilidade de sua atuação na língua portuguesa. Esta análise aprofunda a compreensão de sua natureza gramatical, indo além da simples designação tradicional.