Qual é a conjugação do verbo haver no presente do indicativo?

O Haver no Presente do Indicativo: Uma Análise Além do Básico

O verbo “haver” é um dos verbos mais versáteis da língua portuguesa, desempenhando diferentes papéis sintáticos e apresentando peculiaridades em sua conjugação. Embora muitos o associem apenas ao sentido de “existir” ou ao uso como auxiliar na formação de tempos compostos, sua conjugação no presente do indicativo reserva nuances que merecem ser exploradas além da simples memorização.

Partindo da informação fornecida – “(eu) hei” e “(tu) hás” – podemos completar o quadro da conjugação no presente do indicativo:

• (eu) hei: Forma pouco utilizada no português brasileiro contemporâneo, sendo frequentemente substituída por “tenho” quando o verbo expressa posse. Sua permanência se dá principalmente em contextos formais ou literários.
• (tu) hás: Assim como a primeira pessoa, o “hás” é raro na linguagem cotidiana. A forma “tens” assume seu lugar na maioria das situações.
• (ele/ela/você) há: Essa forma é a mais utilizada no presente do indicativo, principalmente com o sentido de “existir”. Exemplos: “Há muitas pessoas na praça.”, “Há um problema a ser resolvido.”
• (nós) havemos: Semelhante ao “hei” e “hás”, o “havemos” é pouco frequente no português falado no Brasil, cedendo espaço para “temos” quando indica posse. Em contextos formais ou em locuções verbais, sua presença ainda se mantém.
• (vós) haveis: Assim como outras formas do “haver”, é mais comum em Portugal. No Brasil, é raramente utilizada, sendo substituída por “tendes”.
• (eles/elas/vocês) hão: Embora menos comum que a terceira pessoa do singular (“há”), essa forma ainda aparece em algumas situações, especialmente em contextos formais e literários.

A Importância da Distinção entre “Haver” e “Ter”

A tendência de substituir as formas do verbo “haver” por “ter” no presente do indicativo, especialmente nas primeiras e segundas pessoas (singular e plural), reflete uma mudança no uso da língua. É crucial, no entanto, entender a distinção entre os dois verbos. Enquanto “ter” indica posse, “haver”, no sentido de existir, permanece impessoal, não se flexionando em número com o substantivo que o segue. Dizer “Hão muitas pessoas” é diferente de “Tem muitas pessoas”. A primeira forma é gramaticalmente correta, embora menos usual, enquanto a segunda é considerada incorreta na norma culta.

O “Haver” Impessoal e a Concordância

É fundamental lembrar que, quando utilizado no sentido de “existir” ou “ocorrer”, o verbo “haver” permanece na terceira pessoa do singular, independentemente do número do substantivo que o acompanha. Dizemos “Há problemas a resolver”, e não “Hão problemas a resolver”, mesmo que “problemas” esteja no plural. Essa característica impessoal é uma marca distintiva do verbo “haver”.

Em resumo, a conjugação do verbo “haver” no presente do indicativo apresenta formas pouco usuais no português brasileiro contemporâneo, sendo frequentemente substituídas por formas do verbo “ter”. Entretanto, compreender suas particularidades e a distinção entre os dois verbos é fundamental para o domínio da norma culta e para uma comunicação precisa e eficiente.