Quando é que ocorre o processo de comunicação?

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A comunicação se completa quando a mensagem emitida é decodificada e compreendida pelo receptor. Somente com a interpretação correta da informação pelo interlocutor é que se pode afirmar que o processo comunicativo foi efetivamente realizado. A recepção e a compreensão são, portanto, etapas cruciais.

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O instante da comunicação: além da transmissão, a construção de significado

A comunicação é frequentemente ilustrada como um processo linear, partindo de um emissor, passando por uma mensagem e chegando a um receptor. Essa simplificação, porém, mascara a complexidade do fenômeno, especialmente quando buscamos precisar o exato momento em que a comunicação de fato ocorre. Não basta a mensagem ser emitida e recebida; é preciso que haja uma convergência de significados, uma construção compartilhada de sentido. Portanto, a comunicação se concretiza não na transmissão, mas na interpretação.

Embora o envio da mensagem marque o início do processo, a comunicação só se completa quando o receptor a decodifica e a compreende, integrando-a ao seu próprio repertório de conhecimento e experiência. Esse instante de compreensão, de internalização da mensagem e construção de significado, é o ponto crucial que define a efetivação da comunicação. É nesse momento que a informação deixa de ser apenas um conjunto de sinais e se transforma em conhecimento compartilhado.

Imagine, por exemplo, uma obra de arte abstrata. O artista a cria (emissão), ela é exposta em um museu (transmissão) e diversas pessoas a observam (recepção). Cada observador, no entanto, interpretará a obra de acordo com sua bagagem cultural, suas vivências e seu estado emocional. A comunicação, nesse caso, se concretiza em múltiplos instantes, cada um correspondendo à interpretação individual da obra. A comunicação, portanto, não é um evento único e uniforme, mas um processo dinâmico e multifacetado.

Outro exemplo prático reside na comunicação intercultural. Uma mesma palavra, gesto ou expressão facial pode carregar significados distintos em diferentes culturas. A mera tradução literal de uma frase, sem considerar o contexto cultural, pode levar a mal-entendidos e até mesmo a conflitos. A comunicação, nesse contexto, só ocorre quando há uma verdadeira compreensão mútua, transcendendo as barreiras linguísticas e culturais.

Portanto, a comunicação não se limita à transmissão de informações. Ela é um processo ativo de construção de significado, que depende tanto do emissor quanto do receptor. O instante da comunicação, então, não é um ponto fixo no tempo, mas um momento fluido e subjetivo, marcado pela convergência de interpretações e pela criação de um espaço compartilhado de entendimento. É na interseção entre a mensagem emitida e a compreensão construída pelo receptor que a comunicação se realiza plenamente, transcendendo a simples troca de sinais e se tornando um verdadeiro ato de conexão e partilha.