Quando se utiliza o gerúndio?

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O gerúndio (correndo, amando, seguindo) descreve uma ação em andamento. Ele é utilizado para indicar que uma ação está ocorrendo simultaneamente a outra, como em: Caminhando pela praia, encontrei uma concha.

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O Gerúndio: Muito Mais do que uma Ação em Andamento

O gerúndio, essa forma nominal do verbo terminada em “-ndo” (correndo, lendo, falando), é frequentemente visto como um mero indicador de ação simultânea. Embora essa seja uma de suas funções principais, sua utilização na língua portuguesa vai muito além dessa definição simplista, apresentando nuances e possibilidades que merecem uma análise mais aprofundada. Compreender a sua utilização adequada é crucial para garantir clareza e elegância na escrita e na fala.

A concepção popular de gerúndio como sinônimo de ação simultânea, expressa em frases como “Caminhando pela praia, encontrei uma concha”, é parcialmente correta, mas incompleta. Essa construção, conhecida como gerúndio adverbial, descreve uma ação secundária que acompanha a principal. Entretanto, a simultaneidade não é obrigatória. Em “Chegando em casa, liguei para minha mãe”, a ação de ligar ocorre após a chegada. A relação é de anterioridade e posterioridade, mas a estrutura gerundial mantém uma certa conotação de proximidade temporal.

O uso inadequado do gerúndio, contudo, gera frases ambíguas ou de difícil compreensão. Frequentemente, ele é empregado de forma inadequada, criando o chamado “gerundismo”, que prejudica a clareza textual. Frases como “Estando em casa, vou tomar um café” soam artificiais e podem ser facilmente substituídas por alternativas mais naturais, como “Em casa, tomarei um café”.

Para utilizar o gerúndio com propriedade, é fundamental considerar os seguintes aspectos:

  • Relação temporal: A relação entre a ação expressa pelo gerúndio e a ação principal nem sempre é de simultaneidade. Pode ser de anterioridade, posterioridade ou mesmo de causalidade. A clareza da relação temporal deve ser evidente para evitar ambiguidades.

  • Concisão: O gerúndio pode tornar a frase mais concisa, eliminando a necessidade de conjunções. No entanto, o uso excessivo ou inadequado pode resultar em frases longas e confusas. A concisão deve estar a serviço da clareza.

  • Voz ativa e passiva: O gerúndio pode ser utilizado tanto na voz ativa quanto na passiva. A escolha entre uma e outra deve depender da intenção comunicativa e da construção da frase.

  • Contexto: O contexto da frase é fundamental para a correta interpretação do gerúndio. Uma mesma construção pode ter diferentes significados dependendo do contexto.

Em suma, o gerúndio é uma ferramenta poderosa na língua portuguesa, mas seu uso requer cuidado e atenção. Evitar o gerundismo, atentando-se à clareza, concisão e à relação temporal entre as ações, é fundamental para garantir a eficácia comunicativa. A busca por alternativas mais naturais e fluidas deve sempre ser priorizada, evitando o uso excessivo e mecânico dessa forma verbal. A elegância da escrita e da fala reside, em grande parte, na escolha criteriosa das palavras e das estruturas gramaticais, e o gerúndio não é exceção.