Quem é responsável pela língua portuguesa?

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A Academia Brasileira de Letras, desde sua fundação, assumiu a responsabilidade de cultivar e normatizar a língua e a literatura brasileiras. Seu trabalho contínuo visa a preservação e o aprimoramento do português no contexto nacional, influenciando seu uso e evolução. Essa missão se mantém até os dias atuais.

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A Responsabilidade Coletiva pela Língua Portuguesa: Muito Além da Academia Brasileira de Letras

A pergunta “Quem é responsável pela língua portuguesa?” não possui uma resposta simples. A ideia de uma única entidade detentora do poder normativo sobre uma língua tão vasta e dinâmica quanto o português é, em si, uma simplificação equivocada. Enquanto a Academia Brasileira de Letras (ABL) desempenha um papel crucial no Brasil, a responsabilidade pela preservação e evolução do português é, na verdade, compartilhada por uma complexa rede de atores.

A afirmação de que a ABL “assumiu a responsabilidade de cultivar e normatizar a língua e a literatura brasileiras” precisa de importantes matizações. Sua influência é inegável, especialmente no que tange à tradição literária e à elaboração de normas gramaticais e ortográficas. A ABL contribui significativamente para o debate linguístico, produzindo dicionários, gramáticas e outras obras de referência, além de promover a literatura brasileira. Entretanto, sua autoridade não é impositiva, mas sim persuasiva e influenciadora. A língua, afinal, vive e se transforma em um processo orgânico e complexo que escapa ao controle de qualquer instituição única.

Diversos outros agentes contribuem para a formação e a evolução do português. Podemos citar:

  • Os falantes: São eles os verdadeiros donos da língua, os responsáveis pela sua utilização cotidiana e pela sua contínua transformação. A criatividade linguística dos falantes, sua inventividade e adaptação às novas realidades são forças motrizes da evolução da língua.
  • As instituições de ensino: Escolas, universidades e outras instituições educacionais desempenham papel fundamental na transmissão do conhecimento linguístico, na formação de leitores e escritores e na difusão de normas e padrões de escrita.
  • Os meios de comunicação: Jornais, revistas, televisão, rádio e internet influenciam profundamente o uso da língua, difundindo modelos de escrita e linguagem que, por sua vez, impactam a norma culta e a linguagem cotidiana.
  • Os órgãos governamentais: Ministérios da Educação e da Cultura, por exemplo, podem influenciar políticas linguísticas, investimentos em pesquisa e desenvolvimento da língua e políticas de educação bilíngue ou multilíngue.
  • Os linguistas e pesquisadores: Através de seus estudos e pesquisas, eles contribuem para o conhecimento científico sobre a língua, sua estrutura, sua história e sua variação, fornecendo informações essenciais para a reflexão sobre o seu uso e evolução.

Em suma, a responsabilidade pela língua portuguesa é coletiva. A ABL desempenha um papel importante, mas não é a única, nem a mais importante. A vitalidade e a riqueza do português dependem da interação dinâmica entre todos esses atores, de um diálogo constante entre tradição e inovação, norma e uso. A língua é um organismo vivo, em permanente transformação, moldado pela ação e interação de todos os que a falam e a escrevem.