Qual é a concordância do verbo haver?

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O verbo haver, quando indica existência, permanece invariável no singular, mesmo em expressões como há de haver, pode haver, deve haver etc. Isso acontece porque ele funciona como verbo impessoal, sem sujeito.

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A Inflexibilidade do Verbo Haver: Uma Análise da Concordância Verbal

O verbo “haver”, em sua acepção de existir, constituir ou acontecer, apresenta uma peculiaridade que frequentemente gera dúvidas: sua invariabilidade. Diferentemente da maioria dos verbos, ele se mantém inabalavelmente no singular, independentemente do número dos elementos que expressa. Essa característica decorre de sua natureza impessoal; ele não possui sujeito, portanto, não concorda com nenhum substantivo ou pronome.

Vamos analisar essa peculiaridade em diferentes contextos:

1. Haver indicando existência:

  • “Há muitas pessoas na fila.” (Correto: o verbo “haver” permanece no singular, mesmo com o substantivo plural “pessoas”.)
  • “Havia diversas opções no cardápio.” (Correto: o verbo permanece no singular, mesmo com o substantivo plural “opções”.)
  • “Deve haver problemas com o sistema.” (Correto: a locução verbal “deve haver” mantém o verbo “haver” no singular.)
  • “Pode haver atrasos no transporte.” (Correto: a locução verbal “pode haver” mantém o verbo “haver” no singular.)
  • “Há de haver melhorias no futuro.” (Correto: a locução verbal “há de haver” mantém o verbo “haver” no singular.)

Observe que, nesses exemplos, o verbo “haver” não concorda com o substantivo que indica a quantidade ou o elemento existente. Ele simplesmente indica a existência desses elementos, sem se vincular a eles sintaticamente como sujeito.

2. Diferenças em relação ao verbo “ter”:

É importante diferenciar o verbo “haver” impessoal do verbo “ter”, que, nesse contexto, é pessoal e concorda com o sujeito. Observe:

  • “Há muitos livros na estante.” (Verbo “haver” impessoal – singular)
  • “Existem muitos livros na estante.” (Verbo “existir” pessoal – plural)
  • “Tenho muitos livros na estante.” (Verbo “ter” pessoal – singular, concordando com o sujeito “eu”)

Aqui, a substituição por sinônimos como “existir” demonstra claramente a concordância verbal com o sujeito plural (“muitos livros”). O verbo “ter”, por sua vez, concorda com o sujeito da oração.

3. Haver indicando tempo passado:

Quando o verbo “haver” indica tempo decorrido, ele também permanece invariável no singular:

  • “Há muitos anos que não o vejo.” (Correto: o verbo “haver” permanece no singular, indicando tempo passado.)

4. Exceções:

Embora a regra seja a invariabilidade, o verbo “haver” pode variar quando usado em outros contextos, como verbo auxiliar na formação de tempos compostos (que é um caso diferente de seu uso impessoal) ou com outros significados.

Conclusão:

A invariabilidade do verbo “haver” quando indica existência, constituição ou ocorrência é uma regra fundamental da língua portuguesa. Compreender essa particularidade contribui significativamente para a produção de textos gramaticalmente corretos e evita erros comuns relacionados à concordância verbal. A clareza na distinção entre o “haver” impessoal e outros verbos, como “ter” e “existir”, é crucial para o domínio dessa regra.