O que não faz parte de gêneros orais?

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Gêneros orais, como conversas informais e discursos, se distinguem dos escritos por sua natureza efêmera e dependência do contexto. A escrita, por sua vez, permite revisão e permanência. Elementos como a presença física e o feedback imediato são características essenciais dos gêneros orais.

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O que não faz parte dos gêneros orais: a ausência de marcas da escrita

A oralidade, como meio de comunicação, se diferencia profundamente da escrita, principalmente pela sua natureza efêmera e pela forte dependência do contexto situacional. Enquanto um texto escrito pode ser revisado, analisado e arquivado por anos, a fala se esvai no tempo, deixando apenas memórias e, eventualmente, registros em áudio ou vídeo. Essa diferença fundamental impacta diretamente nos elementos constitutivos de cada modalidade. Compreender o que não faz parte dos gêneros orais é crucial para entendermos suas particularidades.

Ao contrário da escrita, os gêneros orais geralmente não apresentam as seguintes características:

  • Revisão prévia exaustiva: A escrita permite e, muitas vezes, exige revisões cuidadosas, permitindo a correção de erros gramaticais, a organização lógica das ideias e a adequação do texto ao público-alvo. Na oralidade, a produção é, na maioria das vezes, simultânea à recepção. A improvisação, as hesitações, as repetições e as correções “em tempo real” são comuns e, em muitos casos, até esperadas. A revisão, se existir, se dá no processo de formulação, e não numa etapa posterior à produção completa da fala.

  • Marcas ortográficas e gramaticais rígidas: A escrita segue padrões ortográficos e gramaticais formalizados. A oralidade, por sua vez, apresenta maior flexibilidade, com variações linguísticas dependendo do contexto, da região, do grupo social e do grau de formalidade. Gírias, coloquialismos, interrupções e frases incompletas são perfeitamente aceitáveis e até esperados em muitos gêneros orais. A ausência de pontuação e a fragmentação sintática são características intrínsecas da fala, não consideradas erros, mas recursos expressivos.

  • Permanência estática e imutável: A escrita oferece um registro fixo e imutável do que foi dito ou escrito. A oralidade, ao contrário, é transitória. A menos que seja gravada, o discurso se perde no tempo. Mesmo com gravações, a interpretação pode variar devido à falta de elementos visuais e contextuais presentes na interação original.

  • Planejamento e estruturação altamente formalizadas: Enquanto textos escritos, como artigos científicos ou relatórios, frequentemente seguem estruturas rígidas e previamente planejadas, a oralidade, especialmente em conversas informais, pode ser mais espontânea e desestruturada. A lógica do discurso oral pode ser menos linear e mais associativa do que a da escrita, seguindo o fluxo de pensamentos e interações.

  • Dependência exclusiva do código linguístico: A escrita se limita ao código linguístico escrito. A oralidade, no entanto, utiliza-se de diversos recursos para-linguísticos (tom de voz, entonação, ritmo, pausas, gestos, expressões faciais) que complementam e, por vezes, até substituem a mensagem verbal, contribuindo significativamente para a sua interpretação.

Em resumo, a ausência de planejamento formal exaustivo, a flexibilidade gramatical, a natureza efêmera e a presença de recursos para-linguísticos são elementos que distinguem fundamentalmente os gêneros orais dos escritos. Reconhecer essas diferenças é essencial para uma análise adequada e uma interpretação contextualizada da comunicação humana em suas diversas formas.