É correto falar grau de autismo?

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Embora comum, grau de autismo simplifica demais. É mais preciso dizer que pessoas com TEA apresentam diferentes níveis de suporte, conforme critérios diagnósticos.

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É correto falar em “grau de autismo”?

A expressão “grau de autismo”, embora frequentemente utilizada em conversas informais, simplifica demais a complexidade do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essa simplificação pode levar a equívocos e a uma compreensão superficial do que realmente significa viver com autismo. Em vez de “graus”, é mais preciso falar em níveis de suporte.

A ideia de “grau” sugere uma escala linear de gravidade, como se o autismo fosse uma doença que se manifesta em diferentes intensidades. Essa visão é equivocada, pois o TEA não funciona dessa forma. Cada pessoa autista é única, com suas próprias forças, desafios e necessidades específicas. O que pode ser extremamente difícil para uma pessoa, pode ser relativamente fácil para outra, mesmo que ambas tenham recebido o mesmo diagnóstico.

O diagnóstico do TEA é baseado na observação de padrões de comportamento e comunicação social, bem como na presença de interesses e comportamentos repetitivos e restritos. A intensidade desses traços, sim, varia de pessoa para pessoa, mas essa variação não se traduz em “graus” distintos de autismo. É por isso que os manuais diagnósticos, como o DSM-5, utilizam a classificação de níveis de suporte (nível 1, nível 2 e nível 3).

Esses níveis refletem a quantidade de apoio que um indivíduo necessita para navegar pelas demandas da vida diária. O nível 1 indica a necessidade de suporte relativamente menor, enquanto o nível 3 sinaliza a necessidade de suporte muito substancial. Essa classificação, apesar de ainda apresentar limitações, é mais adequada do que a ideia de “graus”, pois foca nas necessidades individuais de apoio, em vez de tentar quantificar o autismo em si.

Utilizar a terminologia correta é fundamental para promover uma compreensão mais precisa e respeitosa do TEA. Falar em “níveis de suporte” contribui para desmistificar o autismo e reconhecer a diversidade dentro do espectro. Além disso, essa linguagem ajuda a direcionar os esforços para o desenvolvimento de estratégias e recursos que atendam às necessidades específicas de cada indivíduo, promovendo sua autonomia e inclusão social.

Ao evitarmos a simplificação do TEA em “graus”, contribuímos para a construção de uma sociedade mais inclusiva e acolhedora para as pessoas autistas, reconhecendo-as como indivíduos com potenciais e desafios únicos. A mudança na linguagem é um passo importante para a mudança de mentalidade e para a construção de um mundo mais justo e equitativo para todos.