Qual a diferença entre border e bipolar?

8 visualizações

A principal diferença no comportamento de risco entre transtorno borderline e transtorno bipolar reside na sua ocorrência. Em transtorno borderline, comportamentos de risco são imprevisíveis, surgindo em qualquer momento. Já no transtorno bipolar, esses comportamentos tendem a se manifestar durante os episódios maníacos. A constância e o gatilho são, portanto, cruciais para a distinção.

Feedback 0 curtidas

Borderline x Bipolar: Desvendando as diferenças além do comportamento de risco

Muitas vezes, o Transtorno Borderline (TPB) e o Transtorno Bipolar (TB) são confundidos, principalmente por compartilharem alguns sintomas, como mudanças de humor, impulsividade e dificuldades nos relacionamentos. Entretanto, são condições distintas com origens, padrões de comportamento e tratamentos diferentes. Embora o comportamento de risco seja um ponto em comum, a forma como ele se manifesta é crucial para o diagnóstico diferencial, indo além da simples constância mencionada em outros textos. Este artigo busca esclarecer as nuances que diferenciam esses dois transtornos, para além da imprevisibilidade do comportamento de risco no TPB versus sua associação com episódios maníacos no TB.

A instabilidade emocional como núcleo do TPB: No TPB, a instabilidade emocional permeia toda a experiência do indivíduo. O humor oscila de forma intensa e rápida, desencadeado por gatilhos muitas vezes imperceptíveis para quem observa de fora. Imagine uma panela de pressão fervendo: a menor mudança de temperatura pode causar uma explosão. Essa instabilidade afeta a autoimagem, os relacionamentos interpessoais e o comportamento, levando a ações impulsivas e autodestrutivas, como gastos excessivos, abuso de substâncias, automutilação e comportamento sexual de risco. O medo do abandono real ou imaginário é um gatilho poderoso para essas crises.

Oscilação entre polos no TB: No TB, as oscilações de humor são mais duradouras e se caracterizam por episódios distintos: mania (euforia, agitação, grandiosidade) e depressão (tristeza profunda, perda de energia e interesse). Os comportamentos de risco, como gastos desenfreados, promiscuidade e direção imprudente, geralmente surgem durante os episódios de mania, impulsionados pela sensação de invencibilidade e impulsividade características desse estado. Nos períodos de depressão, o comportamento de risco tende a diminuir, sendo substituído por retraimento e apatia. Existem também os quadros de Bipolar tipo II, onde a mania não é tão evidente, sendo substituída por hipomania, um estado de euforia e energia menos intenso.

Diferenças para além do comportamento de risco:

  • Autoimagem: Enquanto no TPB a autoimagem é instável e fragmentada, levando a um constante questionamento de quem se é, no TB a autoimagem pode ser inflada durante a mania (sentir-se poderoso e especial) e depreciada durante a depressão (sentir-se inútil e sem valor), mas há uma identidade de base mais consistente.
  • Relacionamentos: No TPB, os relacionamentos são intensos e tumultuados, marcados por idealização e desvalorização repentinas, ciúme excessivo e medo do abandono. No TB, os relacionamentos podem ser afetados pelos episódios de mania (comportamento inadequado, irritabilidade) e depressão (isolamento social), mas não apresentam o mesmo padrão de instabilidade e dependência emocional.
  • Pensamento: No TPB, o pensamento pode ser distorcido por suspeitas e desconfianças, chegando a episódios de paranoia transitória. No TB, durante a mania podem ocorrer delírios e alucinações, enquanto na depressão, os pensamentos são negativos e pessimistas.

Tratamento: Tanto o TPB quanto o TB requerem tratamento especializado. A terapia, em especial a Terapia Dialética Comportamental (TDC) para o TPB, é fundamental para o manejo dos sintomas e desenvolvimento de habilidades de regulação emocional. Medicamentos podem ser utilizados como adjuvantes no tratamento de ambos os transtornos.

Concluindo, embora o comportamento de risco possa estar presente tanto no TPB quanto no TB, a forma como ele se manifesta, juntamente com outros sintomas, oferece pistas importantes para o diagnóstico diferencial. Compreender essas nuances é fundamental para buscar o tratamento adequado e melhorar a qualidade de vida das pessoas que convivem com esses transtornos.