Quantos tipos de autismo há?

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O DSM-5 classifica os níveis de autismo com base no suporte necessário: nível 1 (leve), nível 2 (moderado) e nível 3 (severo).

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Além dos Níveis de Suporte: A Complexidade da Heterogeneidade no Autismo

O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), não é um único diagnóstico, mas sim um espectro de condições. A afirmação de que existem “tipos” de autismo é, portanto, uma simplificação que pode levar a mal-entendidos. Enquanto o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-5) utiliza níveis de suporte (nível 1, 2 e 3) para classificar a gravidade do impacto do TEA na vida da pessoa, essa classificação se refere ao nível de suporte necessário, e não a tipos distintos de autismo. Não existem subtipos com características clínicas essencialmente diferentes.

A ideia de “tipos” de autismo frequentemente surge da observação de que indivíduos com TEA apresentam uma ampla gama de sintomas e características, que variam significativamente em intensidade e apresentação. Um indivíduo pode apresentar dificuldades significativas na comunicação verbal, enquanto outro pode ter uma linguagem fluente, mas dificuldades com a interação social. Um terceiro pode apresentar comportamentos repetitivos focados em objetos, enquanto outro pode ter fixações em rotinas e ordens.

Essa diversidade clínica é a própria essência do espectro autista. A variação se deve a uma complexa interação de fatores genéticos, ambientais e epigenéticos, ainda não totalmente compreendidos pela ciência. É mais preciso pensar no autismo como um conjunto de características que se manifestam de formas diversas em cada indivíduo, ao invés de categorias estanques.

A classificação em níveis de suporte do DSM-5, embora útil para a organização de serviços e planejamento de intervenções, não captura a totalidade da complexidade individual. Dois indivíduos com o mesmo nível de suporte podem apresentar perfis fenotípicos radicalmente diferentes. Um pode apresentar déficits predominantemente na comunicação, enquanto outro pode ter dificuldades principalmente na interação social e na flexibilidade comportamental.

Portanto, em vez de procurar por “tipos” de autismo, é crucial entender a heterogeneidade da condição. O foco deve estar na individualidade de cada pessoa com TEA, em suas necessidades específicas e na criação de intervenções personalizadas que promovam seu desenvolvimento e bem-estar. A classificação em níveis de suporte do DSM-5 é uma ferramenta, mas não deve ser interpretada como uma definição exaustiva ou limitante da experiência do autismo. Cada indivíduo com TEA é único e merece um tratamento individualizado e respeitoso.