Como o surdo escreve a Língua Portuguesa?
Surdos aprendem a escrita da língua portuguesa visualmente, associando as palavras com os sinais da LIBRAS. Seu vocabulário escrito depende da quantidade de palavras ensinadas e da fluência na língua de sinais, fundamental para a compreensão e expressão escrita.
A Escrita na Língua Portuguesa por Pessoas Surdas: Uma Jornada Visual
Aprender a escrever em português para uma pessoa surda é uma experiência significativamente diferente daquela vivenciada por ouvintes. Enquanto o som da palavra é a base para a alfabetização de quem ouve, a pessoa surda se apropria da língua escrita por meio de uma jornada visual, construindo pontes entre o mundo concreto, os sinais da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e a representação gráfica das palavras.
Imagine aprender um novo idioma sem nunca ter ouvido seus sons. É esse o desafio enfrentado por muitos surdos no processo de alfabetização. A ausência da dimensão sonora força a construção de um caminho alternativo, baseado na visualidade e na experiência. A LIBRAS, língua materna da comunidade surda brasileira, torna-se a chave para esse processo.
A aquisição da escrita se dá, portanto, por meio da associação entre o sinal, o referente (objeto ou conceito) e a grafia da palavra. A professora, surda ou ouvinte fluente em LIBRAS, apresenta o sinal, contextualiza-o e, em seguida, mostra a forma escrita da palavra. Essa tríade – sinal, referente e grafia – é fundamental para a construção do vocabulário e a compreensão da estrutura da língua portuguesa.
No entanto, é importante ressaltar que a LIBRAS e o português são línguas distintas, com estruturas gramaticais próprias. A LIBRAS possui uma gramática visual-espacial, enquanto o português segue uma lógica linear e sonora. Essa diferença impõe um desafio extra à pessoa surda, que precisa aprender a “traduzir” a estrutura da LIBRAS para a do português escrito.
A fluência em LIBRAS é, portanto, crucial para o desenvolvimento da escrita. Quanto maior o domínio da língua de sinais, mais amplo será o vocabulário e mais profunda a compreensão dos conceitos, facilitando a expressão escrita. A LIBRAS funciona como uma base sólida, um alicerce sobre o qual a pessoa surda constrói sua habilidade de ler e escrever em português.
Além da mediação da LIBRAS, outros recursos visuais, como imagens, vídeos e materiais concretos, são importantes ferramentas no processo de aprendizagem. A exploração desses recursos enriquece a experiência de aprendizado, tornando-a mais significativa e próxima da realidade da pessoa surda.
A escrita para a pessoa surda não é apenas uma transcrição da fala, mas uma construção visual, uma tradução entre mundos linguísticos distintos. É um processo que exige dedicação, metodologias específicas e, sobretudo, respeito à língua materna e à cultura surda. Reconhecer essa singularidade é fundamental para garantir o acesso pleno à educação e à inclusão efetiva da pessoa surda na sociedade.
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