Como se classificam as artes plásticas?

A Fluida Classificação das Artes Plásticas: Um Olhar para Além do Visível

A classificação das artes plásticas é um tema complexo e, ao longo da história, sofreu transformações profundas, refletindo as mudanças culturais e os avanços tecnológicos. A concepção tradicional, que limitava as artes plásticas à pintura, escultura e arquitetura, se mostrou insuficiente para abarcar a multiplicidade de expressões artísticas surgidas, principalmente a partir do século XX. A própria definição de “arte” tornou-se mais fluida e menos delimitada, dificultando ainda mais uma categorização rígida.

A ideia de que as artes plásticas se restringiam às artes visuais, isto é, àquelas que se manifestam através da percepção visual, já não se sustenta completamente. Embora a pintura, a escultura e a arquitetura continuem sendo pilares fundamentais, a inclusão de outras manifestações artísticas, como a música, a literatura, a dança e o cinema, dentro de um conceito ampliado de artes plásticas, é uma tendência que reflete a interdisciplinaridade e a hibridização características da arte contemporânea.

No entanto, a classificação dessas artes plásticas expandidas não se dá de forma uniforme. Alguns autores preferem manter a distinção entre artes visuais e outras formas de expressão artística, enquanto outros defendem uma classificação mais abrangente, considerando a influência mútua e as constantes convergências entre diferentes linguagens. Podemos, portanto, identificar diferentes perspectivas na classificação:

• Classificação Tradicional: Baseada na percepção sensorial, essa classificação divide as artes em artes visuais (pintura, escultura, arquitetura, desenho, gravura etc.) e artes auditivas (música). As artes cênicas (dança, teatro) e literárias são frequentemente tratadas separadamente. Essa abordagem, apesar de simplificada, continua relevante para a compreensão de conceitos históricos e teóricos.

• Classificação Ampliada (Multidisciplinar): Essa abordagem considera as artes plásticas num sentido mais amplo, incluindo as linguagens mencionadas anteriormente. A justificativa reside na inter-relação e na influência recíproca entre diferentes meios de expressão. Uma performance artística, por exemplo, pode integrar elementos de dança, música, artes visuais e literatura, diluindo as fronteiras entre as categorias tradicionais. Essa perspectiva é mais adequada para analisar a arte contemporânea, que se caracteriza pela transdisciplinaridade e pela experimentação.

• Classificação por Meio de Expressão: Em vez de focar no produto final, essa classificação categoriza as artes pela técnica ou material utilizado. Assim, poderíamos ter categorias como “artes de modelagem”, “artes gráficas”, “artes digitais”, etc. Essa abordagem é útil para estudar os processos de criação e as técnicas específicas empregadas em cada obra.

Em conclusão, não existe uma única classificação definitiva das artes plásticas. A melhor abordagem dependerá do contexto e do objetivo da análise. A discussão em torno da classificação, porém, revela a riqueza e a complexidade do universo artístico, constantemente em transformação e desafiando as categorias fixas e predefinidas. A compreensão da fluidez dessas categorias é fundamental para uma apreciação mais completa e abrangente da arte em sua totalidade.