Onde empregar o há?

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O verbo haver, indicando tempo passado, emprega-se com a forma há: há meses, há pouco tempo, há décadas. Diferencia-se da contração da preposição a com o artigo definido feminino a, que resulta em à: fui à praia, assisti à apresentação. A distinção reside na função gramatical: verbo ou contração preposição-artigo.

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O instigante “há”: Desvendando o uso do verbo haver no passado

A língua portuguesa, rica em suas nuances, muitas vezes nos apresenta desafios sutis na hora de escrever ou falar corretamente. Um desses desafios é o uso do verbo “haver” no sentido de tempo passado, frequentemente confundido com a contração “à” (a + a). Dominar a diferença entre “há” e “à” é fundamental para garantir a clareza e a precisão da sua comunicação.

Este artigo se concentra especificamente no emprego de “há” como indicativo de tempo decorrido, buscando esclarecer suas particularidades e delimitando seu uso em contextos específicos, evitando a sobreposição com explicações já amplamente disponíveis na internet. Focaremos em nuances e exemplos práticos menos explorados.

A principal função de “há” como verbo é indicar o tempo passado, funcionando como um sinônimo de “faz”. Assim, podemos dizer:

  • anos não o vejo. (Faz anos que não o vejo)
  • muito tempo planejava essa viagem. (Faz muito tempo que planejava essa viagem)
  • apenas alguns dias, aconteceu o imprevisto. (Faz apenas alguns dias que aconteceu o imprevisto)

Observe que, nesse contexto, “há” sempre se acompanha de uma expressão de tempo. Ele não é empregado isoladamente para indicar tempo passado. Não se diria, por exemplo, “Há aconteceu um acidente“. A construção correta seria “Aconteceu um acidente há pouco tempo” ou “Há pouco tempo ocorreu um acidente”.

Diferenças sutis e exemplos contextualizados:

A confusão com “à” (a + a) surge porque ambos podem aparecer em frases com indicação de tempo, porém com funções gramaticais distintas. Para diferenciar, busque identificar se a palavra “há” funciona como um verbo indicando tempo decorrido (substituível por “faz”) ou se se trata da preposição “a” + artigo definido feminino “a”.

Vamos analisar alguns exemplos para ilustrar nuances menos abordadas:

  • Há tempos, ansiava pela aprovação do projeto, mas agora, à espera do resultado final, sinto-me inquieta. (Neste caso, o primeiro “há” é verbo, indicando tempo decorrido; o segundo “à” é a contração prepositiva, indicando direção/finalidade – à espera de).
  • Há cinco anos, morava à beira do mar. A brisa fresca, à noite, era algo inesquecível. (Aqui temos “há” como verbo e duas ocorrências de “à”, uma indicando lugar (“à beira do mar”) e outra, tempo (“à noite”).)
  • Há quem diga que, à medida que o tempo passa, a saudade ameniza. (“Há” introduz uma oração subordinada substantiva; “à medida que” é uma locução conjuntiva, não confundir com a contração “à”).

Conclusão:

O uso correto de “há” no sentido de tempo passado exige atenção à sua função verbal, sempre acompanhado de uma expressão temporal e substituível, na maioria dos casos, por “faz”. A distinção em relação a “à” exige análise da estrutura da frase, identificando se “há” funciona como verbo ou se trata da preposição “a” combinada com o artigo feminino “a”. A prática e a observação cuidadosa de exemplos são essenciais para dominar esse detalhe da língua portuguesa.