Porque a Libras não é uma língua artificial?
A Libras é uma língua natural, surgindo espontaneamente da interação entre surdos, assim como as línguas orais. Sua estrutura permite expressar qualquer conceito, do concreto ao abstrato, como os sinais icônicos CORRER e QUEIJO.
Libras: Uma Língua Natural, Viva e Dinâmica, Longe de Ser Artificial
A crença de que a Libras (Língua Brasileira de Sinais) seja uma língua artificial é um equívoco recorrente e profundamente prejudicial à sua valorização e ao reconhecimento da comunidade surda. Ao contrário da ideia de construção artificial, a Libras, assim como o português, o inglês ou o japonês, é uma língua natural, orgânica e rica em sua estrutura gramatical e expressividade. Sua existência não é fruto de um planejamento consciente e metódico, mas sim o resultado de um processo natural e espontâneo de criação linguística.
A principal característica que desmistifica a ideia de artificialidade reside na sua origem e evolução. A Libras não foi inventada ou criada em laboratório. Ela emergiu da interação social de comunidades surdas ao longo de décadas, talvez séculos, através de um processo de transmissão e adaptação intergeracional. Como qualquer língua oral, ela sofre mutações, incorpora novas palavras (sinais) e adapta-se às mudanças culturais e tecnológicas. Esse processo orgânico de desenvolvimento demonstra claramente sua natureza natural.
A capacidade da Libras de expressar qualquer tipo de conceito, da mais simples descrição física à mais complexa abstração filosófica, reforça sua complexidade e riqueza linguística. A riqueza lexical não se limita a sinais icônicos, como os exemplos frequentemente citados de “CORRER” (onde a movimentação das mãos imita a ação) e “QUEIJO” (onde a forma das mãos sugere a textura), embora estes sejam evidências importantes de sua natureza visual-espacial. A Libras apresenta uma gramática própria, com regras de estruturação de frases, concordância, tempo verbal e outras nuances gramaticais que permitem expressar nuances sutis de significado. Estas regras, desenvolvidas organicamente, são tão complexas e ricas quanto as de qualquer língua oral.
A comparação com línguas de sinais de outras regiões reforça ainda mais esse ponto. Embora existam similaridades entre diferentes línguas de sinais, cada uma possui sua estrutura única, evidenciando a independência e a natureza orgânica de seu desenvolvimento. A Libras, por exemplo, apresenta diferenças significativas em relação à ASL (American Sign Language), demonstrando a autonomia de suas evoluções independentes.
Concluindo, a Libras não é um sistema de comunicação artificialmente construído. É uma língua viva, dinâmica e complexa, que reflete a cultura e a história da comunidade surda brasileira. Sua riqueza gramatical, sua capacidade de expressar qualquer conceito e seu desenvolvimento orgânico ao longo do tempo demonstram inequivocamente sua natureza natural, e a importância de reconhecê-la como tal, garantindo-lhe o mesmo estatuto e respeito que são conferidos a qualquer outra língua. A persistência da ideia de que a Libras é artificial representa um obstáculo à sua plena inclusão social e ao respeito à identidade linguística e cultural da comunidade surda.
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