Qual é a língua natural do surdo?

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A língua de sinais é a língua natural do surdo, sendo adquirida de maneira rápida e espontânea, como destaca Kyle (1999). O contato com essa língua desde a tenra idade, antes mesmo da escola, é crucial para o desenvolvimento da criança surda.

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A Língua Natural do Surdo: Desvendando Mitos e Celebrando a Libras

É comum encontrarmos, em pleno século XXI, a crença de que a língua natural do surdo é a língua oral do seu país. Essa percepção, embora bem-intencionada em muitos casos, carrega em si um erro fundamental: a tentativa de enquadrar a experiência surda em um molde ouvinte. Afinal, como pode ser natural para alguém que não ouve, se comunicar através da oralidade? A resposta é simples: não pode.

A língua natural do surdo é a língua de sinais, como bem destaca Kyle (1999), sendo a Libras, no contexto brasileiro, o sistema linguístico que permite ao surdo se expressar e compreender o mundo de forma plena. Essa naturalidade se manifesta na aquisição rápida e espontânea da Libras por bebês surdos, em contraste com a árdua e muitas vezes frustrante jornada de aprendizado da língua oral.

Imagine a criança surda como uma semente. Para florescer, ela precisa ser nutrida pelo que lhe é próprio, pela terra fértil que a Libras proporciona. É nesse solo linguístico que suas raízes se aprofundam, permitindo o desenvolvimento integral de suas capacidades cognitivas, sociais e emocionais.

A privação da Libras nos primeiros anos de vida, por outro lado, pode ser comparada a um deserto para essa semente. Sem o contato com a língua de sinais, a criança surda se vê em um ambiente árido, carente dos nutrientes essenciais para seu desenvolvimento linguístico e, consequentemente, para a construção de sua identidade.

Celebrar a Libras como língua natural do surdo é reconhecer sua riqueza e complexidade, entendendo-a não como um mero conjunto de gestos, mas sim como um sistema linguístico completo, com gramática, sintaxe e léxico próprios. É também garantir o direito à comunicação e à participação plena do surdo na sociedade, combatendo a barreira da comunicação e abrindo portas para um futuro mais justo e inclusivo.

Cabe a nós, sociedade ouvinte, desconstruirmos os mitos que ainda pairam sobre a surdez. É preciso abraçar a Libras, promovendo seu ensino e reconhecendo sua importância vital para o desenvolvimento e bem-estar da comunidade surda. Somente assim poderemos construir um futuro onde a comunicação seja ponte, e não muro, entre surdos e ouvintes.