Porque não falar linguagem de sinais?
A linguagem de sinais não é considerada uma linguagem verdadeira porque não usa a modalidade oral e auditiva. Isso é um preconceito linguístico, pois a linguagem de sinais é um sistema de comunicação completo com regras e gramática próprias.
Por que NÃO dizer que a Língua de Sinais não é uma língua? Desfazendo um mito preconceituoso.
A afirmação de que a Língua de Sinais não é uma língua verdadeira é, infelizmente, ainda comum. Frequentemente, essa ideia equivocada se baseia na ausência da modalidade oral-auditiva, como se a voz e a audição fossem pré-requisitos para a definição de uma língua. Essa visão demonstra um profundo desconhecimento sobre o que constitui uma língua e configura um preconceito linguístico, marginalizando a comunidade surda e sua forma de comunicação.
É fundamental desmistificar essa ideia e compreender que a Língua de Sinais, seja ela qual for (Libras, ASL, etc.), é sim uma língua completa e complexa. Ela possui todos os componentes que caracterizam um sistema linguístico, incluindo:
- Gramática própria: A Libras, por exemplo, possui uma estrutura gramatical própria, diferente da língua portuguesa. Ela utiliza uma sintaxe visual-espacial, com regras específicas para a organização dos sinais no espaço, expressão facial e corporal, que contribuem para a construção do significado.
- Léxico: Possui um vasto vocabulário de sinais que representam conceitos, objetos, ações e ideias. Assim como as línguas orais, as línguas de sinais também incorporam novos sinais e evoluem com o tempo.
- Capacidade de expressar abstrações: As Línguas de Sinais permitem a expressão de ideias abstratas, sentimentos, emoções e conceitos complexos, possibilitando discussões filosóficas, científicas e artísticas.
- Transmissão cultural: Assim como as línguas orais, as línguas de sinais são transmitidas de geração em geração dentro da comunidade surda, carregando consigo a cultura e a história dessa comunidade.
- Comunidade linguística: As línguas de sinais são utilizadas por uma comunidade de falantes nativos, que a utilizam como principal meio de comunicação e interação social.
A ideia de que uma língua precisa ser oral-auditiva para ser considerada “verdadeira” é uma concepção limitada e etnocêntrica. A linguagem humana é muito mais ampla do que a fala e a audição. A comunicação se dá por diversos meios, e a Língua de Sinais, utilizando a modalidade visual-espacial, cumpre plenamente o papel de uma língua, possibilitando a expressão de pensamentos, sentimentos e a construção de conhecimento.
Portanto, em vez de questionar a legitimidade da Língua de Sinais, devemos reconhecê-la como uma língua rica e complexa, valorizando a diversidade linguística e promovendo a inclusão da comunidade surda. Aprender Libras, por exemplo, não é apenas aprender uma nova língua, é também abrir-se para uma nova perspectiva de mundo e contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva.
#Comunicação#Inclusão#Língua De SinaisFeedback sobre a resposta:
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