Quais são os tipos de concordância?

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A língua portuguesa apresenta dois tipos principais de concordância: a verbal, que harmoniza o verbo com seu sujeito em número e pessoa; e a nominal, que estabelece a harmonia entre o substantivo e seus termos acessórios (adjetivos, artigos, pronomes e numerais) em gênero e número. Essa harmonia garante a correção e clareza da frase.

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Além da Verbal e Nominal: Uma Exploração Mais Profunda dos Tipos de Concordância em Português

A concordância, pilar fundamental da gramática portuguesa, garante a harmonia e clareza das frases, estabelecendo relações de dependência entre palavras. Embora a maioria dos estudos se concentre nos tipos tradicionais – verbal e nominal –, uma análise mais aprofundada revela nuances e subtipos que enriquecem nossa compreensão da sintaxe. Este artigo explora esses tipos, indo além da definição simplista e revelando a complexidade e riqueza da concordância na língua portuguesa.

1. Concordância Verbal: Mais do que Sujeito e Verbo

A concordância verbal, a mais conhecida, rege a adaptação do verbo ao seu sujeito em número (singular ou plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Parece simples, mas a complexidade surge em casos específicos:

  • Sujeito Composto: Quando o sujeito é composto, o verbo pode ir para o plural (concordância atrativa, preferencial na linguagem formal) ou concordar com o núcleo mais próximo (concordância por proximidade, mais comum em contextos informais). Ex: João e Maria foram ao cinema (atrativa) vs. A caneta e os cadernos estão sobre a mesa (proximidade).

  • Sujeito Indeterminado: Nesses casos, o verbo fica na terceira pessoa do singular (com o “se” indeterminador) ou no plural (com o sujeito oculto, implícito na frase). Ex: Precisa-se de funcionários. (singular) vs. Vive-se bem aqui. (singular, mas com sentido de plural implícito)

  • Sujeito Coletivo: O verbo pode concordar com o coletivo no singular, enfatizando a unidade do grupo, ou ir para o plural, destacando os elementos que compõem o coletivo. Ex: A multidão gritou / gritaram de alegria.

  • Concordância com o Predicativo do Sujeito: Em construções como “A vida são desafios”, o verbo concorda com o predicativo do sujeito (“desafios”), e não com o sujeito (“vida”).

2. Concordância Nominal: Gênero, Número e Mais

A concordância nominal se estabelece entre o substantivo e seus termos acessórios (adjetivos, artigos, pronomes e numerais), garantindo a harmonia em gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural). Porém, situações particulares merecem destaque:

  • Adjetivos Referindo-se a Mais de um Substantivo: O adjetivo pode concordar com o substantivo mais próximo (proximidade) ou com todos os substantivos, indo para o plural masculino se houver substantivos masculinos e femininos. Ex: Comprei uma camisa e uma calça novas/nova.

  • Substantivos de Gênero Diferente: Se os substantivos são de gêneros diferentes, o adjetivo geralmente vai para o masculino plural. Ex: Pai e filha carinhosos.

  • Expressões de quantidade + substantivo: O adjetivo pode concordar com o numeral ou com o substantivo, dependendo do contexto e da ênfase desejada. Ex: Duas garrafas cheias/cheia de água.

3. Concordância Ideológica ou Atrativa:

Um terceiro tipo, menos explicitamente tratado, é a concordância ideológica ou atrativa. Nesse caso, a concordância se dá não pela concordância gramatical estrita, mas pela ideia expressa na frase, muitas vezes ignorando a concordância formal. Ex: A maioria dos alunos faltaram à aula. (O verbo concorda com “alunos”, mesmo o sujeito sendo “maioria”). Essa concordância é mais frequente em contextos informais.

Em resumo, a concordância em português não se limita à simples concordância verbal e nominal. A compreensão profunda da língua exige a percepção de suas nuances e particularidades, abrangendo casos especiais e a influência do contexto comunicativo na escolha da forma de concordância, demonstrando a dinâmica e a riqueza da língua portuguesa.