Qual é a diferença entre epicenos e sobrecomuns?

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Substantivos sobrecomuns designam pessoas e coisas indistintamente, variando o gênero apenas pelo artigo ou adjetivo (ex: o/a artista). Já os epicenos, geralmente referentes a animais, precisam de especificação de gênero (macho/fêmea) para indicar se o substantivo se refere a um animal masculino ou feminino (ex: cobra macho, cobra fêmea).

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A Distinção Sutil entre Substantivos Epicenos e Sobrecomuns: Mais do que uma Questão de Gênero

A língua portuguesa, rica em suas nuances gramaticais, apresenta desafios até mesmo para falantes nativos. Um desses desafios reside na distinção entre substantivos epicenos e sobrecomuns, categorias gramaticais frequentemente confundidas, mas com características bem definidas. Embora ambos se refiram a seres de ambos os sexos, a forma como essa referência é feita marca a diferença crucial entre eles.

Substantivos Sobrecomuns: A principal característica dos substantivos sobrecomuns é a sua capacidade de designar tanto seres do sexo masculino quanto do sexo feminino, sem alteração na sua forma básica. A distinção de gênero ocorre exclusivamente por meio do artigo ou de um adjetivo concordante. Observe:

  • O/A artista é talentoso/a.
  • O/A estudante estudou muito/a.
  • O/A colega é simpático/a.

Nesses exemplos, a palavra principal (“artista”, “estudante”, “colega”) permanece inalterada, e o gênero é indicado pelo artigo definido (“o” ou “a”) ou pelo adjetivo (“talentoso/a”, “estudou muito/a”, “simpático/a”). A ambiguidade inerente à forma básica do substantivo sobrecomum é resolvida apenas pelo contexto ou por elementos adicionais na frase. A forma básica do substantivo não carrega, por si só, a informação de gênero.

Substantivos Epicenos: Ao contrário dos sobrecomuns, os substantivos epicenos geralmente designam animais e, para indicar o sexo do indivíduo, exigem a adição de um termo especificador, como “macho” ou “fêmea”. Observe:

  • Cobra macho/fêmea.
  • Onça macho/fêmea.
  • Jacaré macho/fêmea.

Note que a palavra “cobra”, “onça” e “jacaré” não possuem uma forma gramatical específica para indicar o sexo. A informação de gênero é essencial para a compreensão completa da frase e não pode ser inferida somente pela forma básica do substantivo. A forma básica, portanto, é neutra em termos de gênero. Usar apenas “cobra”, sem especificação, deixa a informação ambígua, enquanto “artista” já indica uma classe de seres com a possibilidade de ser homem ou mulher.

Em resumo: A principal diferença reside na forma como o gênero é expresso. Nos substantivos sobrecomuns, o gênero é flexionado por meio de elementos externos à palavra principal; nos epicenos, o gênero é explicitamente especificado por meio de um adjetivo ou expressão que complementa o substantivo. A ambiguidade é inerente à forma básica do sobrecomum, mas não do epiceno, que precisa de um complemento para ser compreendido. Essa diferença sutil, porém crucial, demonstra a riqueza e complexidade da língua portuguesa.