Qual é a flexão dos advérbios?

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Os advérbios de intensidade, modo e lugar flexibilizam-se em grau, apresentando comparativo e superlativo.

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A Flexão dos Advérbios: Mais do que Parece

A ideia de que os advérbios são palavras invariáveis, imunes às flexões de gênero e número, é amplamente difundida. Entretanto, essa afirmação, embora verdadeira na maioria dos casos, não abarca a totalidade da realidade. A flexibilidade dos advérbios, embora limitada, reside principalmente em sua capacidade de variação de grau, impactando a intensidade com que expressam suas circunstâncias. Exploraremos essa nuance da morfologia adverbial, desmistificando a noção de invariabilidade absoluta.

A flexão em grau, observada em alguns advérbios, permite expressar diferentes níveis de intensidade. Essa flexão se manifesta principalmente em três tipos de advérbios: intensidade, modo e, em menor escala, lugar. Vejamos:

1. Advérbios de Intensidade: Esses advérbios modificam o sentido de adjetivos, verbos e outros advérbios, indicando o grau de algo. São exemplos: muito, pouco, bastante, demais, tão, quão. Eles podem flexionar em grau comparativo e superlativo:

  • Comparativo: Expressa a comparação entre dois ou mais graus de intensidade. Utiliza-se geralmente a forma analítica, embora existam alguns casos de formas sintéticas.

    • Mais… que: Ele correu mais rápido que o vento. (comparativo de superioridade)
    • Menos… que: Ela falou menos alto que o esperado. (comparativo de inferioridade)
    • Tão… como/quanto: Seu trabalho foi tão bom quanto o dela. (comparativo de igualdade)
  • Superlativo: Indica o grau máximo de intensidade. Pode ser analítico ou sintético.

    • Analítico: Utiliza-se o advérbio de intensidade seguido de um adjetivo ou outro advérbio no superlativo: Ele correu muito rapidamente. (superlativo analítico de superioridade) Ela falou pouco alto. (superlativo analítico de inferioridade)

    • Sintético: É menos comum e ocorre em casos específicos, muitas vezes com uma variação de forma do próprio advérbio, mas geralmente com acréscimo de sufixos: Essa torta está ótima! (embora “ótima” seja originalmente adjetivo, aqui funciona adverbialmente, indicando um superlativo de intensidade). Essa flexão sintética é mais excepcional.

2. Advérbios de Modo: Indicam como uma ação é realizada. Muitos desses advérbios também podem apresentar graus comparativos e superlativos, seguindo a mesma lógica dos advérbios de intensidade:

  • Comparativo: Ele cantou melhor que ontem. (superioridade)
  • Superlativo: Ela dançou melhor possível. (analítico)

3. Advérbios de Lugar: A flexão em grau é menos frequente, mas pode ocorrer em alguns casos:

  • Comparativo: Eles moram mais perto da escola. (superioridade)
  • Superlativo: Ela se sentou o mais próximo possível da janela. (analítico)

Considerações Finais:

A flexão adverbial, embora não tão extensa quanto a dos substantivos, adjetivos e verbos, demonstra que a classificação de advérbios como “invariáveis” requer nuances. A variação em grau, especialmente em advérbios de intensidade e modo, enriquece a expressividade da língua portuguesa, permitindo uma graduação precisa na descrição das circunstâncias de ações e qualidades. É importante observar que a flexão em grau se dá principalmente através de estruturas analíticas, sendo a flexão sintética muito mais restrita e dependente do contexto e da etimologia da palavra.