Como são classificados os desvios de concordância?
Desvios de concordância, como sujeito e verbo discordando em número ou pessoa, são exemplos de solecismo. Também se classificam como solecismo os erros de regência e colocação pronominal, afetando a estrutura gramatical da frase.
Desvios de Concordância: Explorando as Sutilezas da Língua Portuguesa
A norma culta da língua portuguesa, como um código vivo em constante mutação, apresenta peculiaridades que desafiam até mesmo os falantes mais experientes. Entre essas nuances, destacam-se os desvios de concordância, que, embora frequentemente associados a erros gramaticais, podem revelar muito sobre a dinâmica da linguagem e seus diferentes contextos de uso.
É crucial, antes de tudo, entender que o conceito de “desvio” não implica necessariamente um erro crasso. É preciso diferenciar as transgressões que comprometem a clareza da mensagem daquelas que, embora se afastem da norma padrão, não chegam a prejudicar a comunicação, sendo, em alguns casos, até mesmo recursos estilísticos.
Classificação dos Desvios de Concordância:
A análise dos desvios de concordância se divide em duas categorias principais:
1. Solecismo de Concordância:
Aqui, encontramos as verdadeiras transgressões à norma culta, aquelas que afetam a estrutura gramatical da frase, levando a uma má formação e, consequentemente, a um prejuízo na clareza da mensagem. Os desvios de concordância classificados como solecismo podem ser subdivididos em:
- Concordância Verbal: Quando o verbo não se flexiona corretamente para concordar com o sujeito em número e pessoa.
- Exemplo: “A maioria dos alunos faltaram” (incorreto) – o correto seria “A maioria dos alunos faltou“.
- Concordância Nominal: Quando há discordância entre o substantivo, adjetivo, artigo, numeral e pronome em gênero e número.
- Exemplo: “Os menino brincava na rua” (incorreto) – o correto seria “Os meninos brincavam na rua“.
2. Concordância Ideológica (Silepse):
Diferentemente do solecismo, a silepse não se configura como um erro gramatical, mas sim como uma figura de linguagem que visa a um efeito expressivo. Nela, a concordância se dá com a ideia subentendida na frase, e não com os termos expressos gramaticalmente. A silepse pode ser:
- Silepse de Gênero: Concordância com a ideia, não com o gênero gramatical.
- Exemplo: “Vossa Excelência está cansado?” (referindo-se a uma mulher) – o correto gramaticalmente seria “cansada“, mas a concordância se dá com a ideia de “Excelência”.
- Silepse de Número: Concordância com a ideia de plural, mesmo que o termo esteja no singular.
- Exemplo: “O povo brasileiro somos apaixonados por futebol” – a concordância se faz com a ideia de pluralidade presente em “povo brasileiro”.
- Silepse de Pessoa: Concordância com a ideia implícita, não com a pessoa gramatical.
- Exemplo: “Os brasileiros, em sua maioria, somos trabalhadores” – o sujeito gramatical é “Os brasileiros”, mas a concordância se dá com a ideia de “nós”, que inclui o falante.
Compreender a natureza e a classificação dos desvios de concordância é fundamental para aprimorar o domínio da língua portuguesa, permitindo não só construir frases claras e coesas, mas também explorar os recursos expressivos da linguagem de forma consciente e eficiente. Lembre-se: a norma culta é um guia valioso, mas a riqueza da comunicação reside também na capacidade de transitar entre diferentes registros e utilizar os recursos linguísticos com maestria.
#Concordância Nominal#Concordância Verbal#Regência VerbalFeedback sobre a resposta:
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