Qual a linguagem de sinais de Portugal?

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A Língua Gestual Portuguesa (LGP), originada no século XIX, foi influenciada pelo trabalho de Per Aron Borg com surdos na Suécia. Apesar da LGP ser a língua oficial, variações regionais existem entre comunidades surdas portuguesas, como em outros países.

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A Língua Gestual Portuguesa: Muito Mais do que Gestos

A comunicação é um ato fundamental para a construção de uma sociedade inclusiva, e a Língua Gestual Portuguesa (LGP) desempenha um papel crucial nesse contexto. Apesar de ser a língua oficial utilizada pela comunidade surda em Portugal, a riqueza e a complexidade da LGP muitas vezes são subestimadas, reduzindo-a a um simples conjunto de gestos. Este artigo visa desmistificar essa visão, explorando as origens, as características e a importância da LGP, além de destacar a sua diversidade interna.

Ao contrário do que se poderia pensar, a LGP não é uma mera adaptação de outras línguas gestuais. Embora tenha sido influenciada por sistemas de comunicação gestual de outros países, particularmente pelo trabalho pioneiro de Per Aron Borg na Suécia no século XIX, a LGP desenvolveu-se organicamente em Portugal, absorvendo e moldando influências ao longo do tempo, criando sua própria estrutura gramatical única e independente. Isso significa que a sua sintaxe, morfologia e semântica são próprias, não se traduzindo diretamente para o português falado ou para outras línguas gestuais.

Uma característica importante da LGP é a sua regionalidade. Assim como ocorre com as línguas orais, a LGP apresenta variações regionais. Dialetos gestuais, com pequenas diferenças lexicais e até mesmo gramaticais, podem ser observados entre comunidades surdas de diferentes regiões de Portugal. Estas variações, contudo, não impedem a comunicação entre surdos de diferentes locais, demonstrando a flexibilidade e a adaptabilidade da língua. Este dinamismo demonstra a vitalidade de uma língua em constante evolução, adaptando-se às necessidades comunicativas da sua comunidade.

A oficialização da LGP foi um marco importante na luta pela inclusão social das pessoas surdas em Portugal. Reconhecê-la como língua oficial significa reconhecer a sua legitimidade e importância como veículo de comunicação, cultura e identidade para uma comunidade. Este reconhecimento, porém, não se esgota na simples oficialização. É necessário um investimento contínuo em formação de intérpretes, na produção de materiais educativos e na promoção da LGP em todos os níveis da sociedade.

A compreensão da Língua Gestual Portuguesa é crucial não apenas para a inclusão das pessoas surdas, mas também para o enriquecimento da sociedade portuguesa como um todo. A LGP representa uma forma única de comunicação, um patrimônio cultural valioso que merece ser preservado, estudado e apreciado em toda a sua riqueza e diversidade. Aprender sobre a LGP é aprender sobre a história, a cultura e a identidade de uma comunidade vibrante e engajada na construção de um futuro mais inclusivo. É um passo fundamental para construirmos uma sociedade verdadeiramente igualitária e justa.