Como classificar as palavras derivadas e compostas?

Classificando Palavras Derivadas e Compostas: Uma Abordagem Prática

A riqueza da língua portuguesa reside, em parte, na sua capacidade de criar novas palavras a partir de outras já existentes. Essa formação lexical se dá principalmente por meio de dois processos: a derivação e a composição. Compreender como classificar essas palavras é fundamental para uma análise linguística mais aprofundada. Este artigo oferece uma abordagem prática para essa classificação, evitando definições meramente teóricas e focando na aplicação de critérios claros e concisos.

1. Palavras Derivadas:

As palavras derivadas são formadas a partir de um radical (base principal) ao qual se acrescentam afixos (prefixos e/ou sufixos). A derivação se subdivide em quatro tipos principais:

• Derivação Prefixal: Adiciona-se um prefixo à palavra primitiva, modificando seu significado, mas sem alterar a classe gramatical. Exemplos: desfazer, infeliz, refazer. Observe que “fazer”, “feliz” permanecem verbos e adjetivos, respectivamente.

• Derivação Sufixal: Adiciona-se um sufixo à palavra primitiva, podendo mudar a classe gramatical da palavra original. Exemplos: alegria (de alegre, adjetivo para substantivo), amavelmente (de amar, verbo para advérbio), caseiro (de casa, substantivo para adjetivo).

• Derivação Parassintética: É um processo simultâneo de prefixação e sufixação. A palavra formada só existe com a presença dos dois afixos. Se retirarmos um deles, a palavra deixa de existir. Exemplos: enriquec-er (não existe apenas “riquecer”), embranquec-er (não existe apenas “branquecer”). É crucial que a remoção de um dos afixos resulte em uma palavra inexistente.

• Derivação Regressiva: Forma-se uma palavra nova pela redução da palavra primitiva, geralmente eliminando-se um sufixo. Ocorre principalmente com verbos, formando substantivos. Exemplos: cantar (verbo) → canto (substantivo), amar (verbo) → amor (substantivo), partir (verbo) → partida (substantivo – Neste caso, há um sufixo adicional, mas a essência regressiva se encontra na redução do verbo “partir”). Note que a palavra resultante é SEMPRE de classe gramatical diferente da palavra original.

2. Palavras Compostas:

As palavras compostas são formadas pela junção de duas ou mais palavras primitivas ou derivadas. Distinguimos dois tipos principais:

• Composição por Justaposição: As palavras se unem sem alteração fonética ou semântica significativa, mantendo seus significados originais. Exemplos: girassol (gira + sol), passatempo (passa + tempo), pontapé (ponta + pé).

• Composição por Aglutinação: Há modificação fonética e/ou semântica nas palavras que compõem a nova palavra. Um ou mais fonemas podem ser perdidos ou alterados na junção. Exemplos: pernalta (perna + alta), aguardente (água + ardente), planalto (plano + alto). A combinação resulta em um significado diferente da soma dos significados das palavras originais.

Critérios para Classificação:

Para classificar corretamente uma palavra, analise:

1. Existência de um radical: Se a palavra possui um radical reconhecível, pode ser derivada.
2. Presença de afixos: Prefixos e sufixos indicam derivação.
3. Simultaneidade de prefixação e sufixação: A impossibilidade de existência com a remoção de apenas um afixo caracteriza a derivação parassintética.
4. Redução da palavra original: A formação de um substantivo a partir de um verbo, com perda de elementos, indica derivação regressiva.
5. Junção de duas ou mais palavras: Indica composição.
6. Alterações fonéticas ou semânticas: Indica composição por aglutinação.

Ao aplicar esses critérios sistematicamente, a classificação de palavras derivadas e compostas torna-se mais precisa e objetiva, permitindo uma análise linguística mais rica e completa. Lembre-se que, em casos mais complexos, a classificação pode exigir um exame mais aprofundado da etimologia e da semântica da palavra.