É linguagem de sinais ou língua de sinais?
A Libras é uma língua natural, não uma linguagem de sinais. Sua estrutura gramatical própria, com regras e sintaxe distintas do português, demonstra sua complexidade e riqueza. A alfabetização em Libras precede, para muitos surdos, a alfabetização em português, devido às diferenças estruturais entre ambas. Portanto, linguagem de sinais é incorreto.
Língua de Sinais: Muito Mais do que uma Simples Linguagem
A discussão sobre a nomenclatura correta – Língua de Sinais ou Linguagem de Sinais – é fundamental para compreender a verdadeira natureza das línguas de sinais, como a Libras (Língua Brasileira de Sinais). Frequentemente, o termo “linguagem de sinais” é utilizado de forma imprecisa, minimizando a complexidade e a riqueza dessas línguas. Esta imprecisão, por sua vez, contribui para a invisibilidade e a subestimação da comunidade surda e suas formas de comunicação.
A afirmação de que a Libras é uma língua e não uma linguagem de sinais não se trata de um mero detalhe semântico. Ela reflete uma profunda diferença conceitual que impacta diretamente na forma como enxergamos a cultura surda e a inclusão dessa comunidade.
A chave para entender essa distinção reside na compreensão do que define uma língua. Uma língua possui estrutura gramatical própria, com regras de sintaxe, morfologia e semântica complexas e intrincadas. Ela evolui organicamente, refletindo a cultura e a história da comunidade que a utiliza. Sua estrutura não se limita a uma mera tradução visual da língua oral correspondente.
A Libras, assim como outras línguas de sinais, possui todas essas características. Seu sistema gramatical é independente do português, apresentando uma estrutura espacial, temporal e sintática única. As expressões faciais, a movimentação corporal e a orientação espacial das mãos contribuem para a construção de sentenças complexas e nuances de significado que são impossíveis de replicar apenas com a tradução literal para o português.
A alfabetização em Libras, para muitas crianças surdas, frequentemente precede a alfabetização em português. Isso se deve às diferenças estruturais significativas entre ambas. Ensinar português como primeira língua para uma criança surda, que naturalmente se expressa em Libras, seria como ensinar uma criança ouvinte a ler e escrever em uma língua estrangeira antes mesmo de dominar sua língua materna. A prioridade da Libras no processo de alfabetização reconhece a importância da língua natural para o desenvolvimento cognitivo e a construção da identidade surda.
Em resumo, o termo “linguagem de sinais” é um reducionismo que ignora a riqueza e a complexidade das línguas de sinais. Utilizar a denominação “Língua de Sinais”, com a maiúscula em “Língua”, reforça a sua natureza enquanto sistema linguístico completo, rico e autônomo, essencial para a preservação da cultura e para a plena inclusão da comunidade surda na sociedade. A adoção de uma nomenclatura precisa é, portanto, um passo fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
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