Quais são os tipos de concordância verbal?

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Concordância verbal gramatical (regra geral: verbo concorda com o sujeito), atrativa (verbo concorda com elemento mais próximo), ideológica ou silepse (concordância com a ideia, não com a palavra), com sujeito composto (regras específicas para diferentes estruturas) e com verbos impessoais (como haver no sentido de existir, que permanece na 3ª pessoa do singular). A concordância também varia com expressões partitivas e de percentagem, exigindo atenção a singular e plural dependendo do núcleo dessas expressões.
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A Arte da Sincronia: Desvendando os Mistérios da Concordância Verbal

A língua portuguesa, com sua rica complexidade e nuances, exige um olhar atento para as sutilezas da concordância verbal. Longe de ser uma mera formalidade gramatical, a concordância verbal é a espinha dorsal da clareza e da precisão na comunicação, garantindo que as ideias sejam transmitidas de forma coesa e compreensível. Em termos simples, ela se refere à relação harmônica entre o verbo e seu sujeito, onde o verbo se flexiona em número e pessoa para acompanhar o sujeito da oração. Mas, como em toda arte, a concordância verbal apresenta diferentes facetas e abordagens.

A Base: Concordância Verbal Gramatical (Regra Geral)

A regra fundamental, e talvez a mais conhecida, é a concordância gramatical. Aqui, o verbo se curva à determinação do sujeito, seguindo uma lógica direta e objetiva. Se o sujeito é singular, o verbo também se apresenta no singular; se o sujeito é plural, o verbo o acompanha na pluralidade.

Exemplo: O livro (sujeito singular) está (verbo no singular) sobre a mesa.
Exemplo: Os livros (sujeito plural) estão (verbo no plural) sobre a mesa.

Essa é a base sólida sobre a qual construímos a nossa compreensão da concordância verbal. No entanto, a língua portuguesa nos apresenta desafios mais complexos e interessantes.

A Atração da Proximidade: Concordância Atrativa

A concordância atrativa, também conhecida como concordância facultativa, introduz uma certa flexibilidade na regra geral. Nesses casos, o verbo, em vez de concordar com o núcleo do sujeito, pode concordar com a palavra mais próxima. Essa construção é mais comum quando o sujeito é formado por um núcleo distante do verbo, ou quando a frase visa dar mais ênfase a um determinado termo.

Exemplo: A maioria dos alunos entregou (concordância gramatical com maioria) os trabalhos.
Exemplo:
A maioria dos alunos entregaram (concordância atrativa com alunos) os trabalhos.

É importante notar que a concordância atrativa é geralmente aceitável, mas a concordância gramatical é sempre a opção mais segura e formal.

A Força da Ideia: Silepse (Concordância Ideológica)

A silepse, ou concordância ideológica, eleva a concordância verbal ao reino da interpretação e da intenção. Aqui, o verbo concorda com a ideia subjacente ao sujeito, e não necessariamente com a sua forma gramatical. Existem três tipos principais de silepse:

  • Silepse de gênero: A concordância se baseia no gênero da pessoa representada, e não na forma da palavra. Exemplo: Vossa Excelência está enganado (referindo-se a um homem).
  • Silepse de número: A concordância se baseia no número de pessoas implícitas no sujeito. Exemplo: Os brasileiros somos patriotas. (O sujeito os brasileiros implica a primeira pessoa do plural: nós).
  • Silepse de pessoa: A concordância se baseia na pessoa gramatical implícita no sujeito. Exemplo: Os presentes, estamos felizes com a homenagem. (O sujeito os presentes inclui o falante, representando a primeira pessoa do plural: nós).

A silepse adiciona uma camada de sofisticação à escrita, permitindo expressar nuances e intenções de maneira mais precisa.

A Complexidade do Sujeito Composto

O sujeito composto, formado por dois ou mais núcleos, apresenta regras específicas de concordância. Em geral, o verbo vai para o plural. No entanto, existem exceções:

  • Se os núcleos forem sinônimos ou expressarem a mesma ideia, o verbo pode ficar no singular. Exemplo: Cansaço e fadiga o impede de trabalhar.
  • Se os núcleos estiverem em ordem crescente de importância, o verbo pode concordar com o último. Exemplo: O amor, a dedicação, o sacrifício a moveu.
  • Com a expressão um e outro, o verbo geralmente fica no singular. Exemplo: Um e outro compareceu à reunião.

A Impessoalidade e seus Desafios

Verbos impessoais, como o verbo haver no sentido de existir ou acontecer, não possuem sujeito e, portanto, permanecem sempre na terceira pessoa do singular.

Exemplo: (existe) muitas pessoas na fila.
Exemplo: Houve (aconteceu) problemas na negociação.

Essa regra é crucial para evitar erros comuns e garantir a correção gramatical.

Expressões Partitivas e de Percentagem

Expressões partitivas (a maioria de, parte de, etc.) e de percentagem (30% de, 50% de, etc.) exigem atenção especial. O verbo pode concordar tanto com o núcleo da expressão partitiva ou de percentagem quanto com o termo que a acompanha.

Exemplo: A maioria dos alunos estudou (concordância com maioria) para a prova.
Exemplo:
A maioria dos alunos estudaram (concordância com alunos) para a prova.

A escolha entre o singular e o plural dependerá do que se quer enfatizar.

Em suma, dominar a concordância verbal é um processo contínuo de aprendizado e atenção. Ao compreendermos as diferentes regras e nuances, podemos usar a língua portuguesa com maior confiança e precisão, transmitindo nossas ideias de forma clara e eficaz. A concordância verbal, longe de ser um obstáculo, se torna uma ferramenta poderosa para a expressão de pensamentos complexos e a criação de textos ricos e significativos.