Qual é a diferença entre DISORtOGrAFIA e disgrafia?

Desvendando a Disgrafia e a Disortografia: Dois Desafios na Arte de Escrever

A escrita, uma habilidade fundamental para a comunicação e o aprendizado, pode ser um grande obstáculo para algumas pessoas. Quando dificuldades surgem nesse processo, dois termos frequentemente entram em cena: disgrafia e disortografia. Embora ambas afetem a escrita, suas causas e manifestações são distintas, exigindo abordagens específicas para cada caso. É crucial compreender a diferença entre elas para oferecer o suporte adequado a quem enfrenta esses desafios.

Disgrafia: A Dificuldade no Ato Motor de Escrever

A disgrafia se manifesta como uma dificuldade primária na execução motora da escrita. Imagine uma pessoa que se esforça ao máximo, mas sua letra permanece ilegível, com traços irregulares, espaçamento inadequado e tamanhos desproporcionais. Essa é a realidade de quem vive com disgrafia.

As causas da disgrafia podem estar relacionadas a problemas de coordenação motora fina, planejamento motor ou processamento viso-motor. Essa dificuldade se reflete diretamente na qualidade da letra, tornando a escrita lenta, cansativa e muitas vezes incompreensível.

Principais características da disgrafia:

• Letra ilegível: Formato das letras distorcido, traços irregulares.
• Dificuldade em manter a linha: Escrita que “sobe” ou “desce” da linha da folha.
• Espaçamento irregular: Palavras muito próximas ou distantes umas das outras.
• Tamanho inconsistente das letras: Mistura de letras grandes e pequenas na mesma palavra.
• Postura inadequada: Dificuldade em segurar o lápis corretamente e manter uma postura confortável durante a escrita.
• Lentidão: Demora excessiva para concluir tarefas de escrita.

Disortografia: A Dificuldade em Aplicar as Regras da Escrita

A disortografia, por outro lado, é um transtorno de aprendizagem que afeta a capacidade de aplicar as regras ortográficas e representar as palavras corretamente na escrita. Nesse caso, a dificuldade não reside na execução motora, mas sim no conhecimento e aplicação das normas da língua portuguesa.

Pessoas com disortografia podem cometer erros como trocar letras (“casa” por “caza”), omitir letras (“prato” por “pato”), adicionar letras (“azul” por “azull”) ou juntar palavras (“fimdesemana” por “fim de semana”), mesmo tendo domínio da leitura e da fala.

Principais características da disortografia:

• Trocas de letras: Confundir letras com sons semelhantes (ex: “t” por “d”, “p” por “b”).
• Omissões de letras: Deixar de escrever letras em palavras (ex: “cadeia” por “cadea”).
• Adições de letras: Acrescentar letras desnecessárias (ex: “carro” por “carroo”).
• Inversões de letras: Trocar a ordem das letras em uma palavra (ex: “flor” por “folr”).
• Junções ou separações indevidas: Unir palavras que deveriam estar separadas ou separar palavras que deveriam estar juntas (ex: “em cima” por “emcima”).
• Dificuldade em aplicar regras gramaticais: Erros de concordância verbal e nominal, acentuação e uso de sinais de pontuação.

A Diferença Crucial: Motor vs. Ortográfico

Em resumo, a principal diferença entre disgrafia e disortografia reside na natureza da dificuldade. Enquanto a disgrafia se refere a problemas na execução motora da escrita, afetando a legibilidade e a qualidade da letra, a disortografia é um transtorno de aprendizagem que afeta a aplicação das regras ortográficas e a correta representação das palavras.

É importante notar que:

• Uma pessoa pode apresentar tanto disgrafia quanto disortografia simultaneamente.
• O diagnóstico preciso deve ser feito por profissionais especializados, como psicopedagogos, fonoaudiólogos e neurologistas.
• Ambos os transtornos podem ser minimizados com intervenções adequadas, como terapias de coordenação motora fina para disgrafia e reforço das regras ortográficas para disortografia.

Conclusão: Um Olhar Atento e Individualizado

Compreender a diferença entre disgrafia e disortografia é fundamental para identificar as necessidades específicas de cada indivíduo e oferecer o apoio adequado para que superem esses desafios na escrita. Um olhar atento e individualizado, aliado a intervenções especializadas, pode abrir portas para que desenvolvam suas habilidades de comunicação e alcancem seu pleno potencial. A escrita, afinal, é uma ferramenta poderosa que merece ser acessível a todos.