Quando o gerundismo é correto?

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O gerundismo, embora muitas vezes criticado, possui uso correto. Ele se justifica ao acompanhar verbos que expressam estado ou ação contínua e prolongada, como dormir, trabalhar, viajar. Nestes casos, a forma em gerúndio complementa a ideia de permanência da ação principal.

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Quando o gerundismo é correto?

O gerundismo, prática de usar verbos no gerúndio, frequentemente é alvo de críticas, mas seu uso correto existe e se justifica em contextos específicos. Não se trata de uma simples adição de um gerúndio a qualquer frase, mas de uma escolha gramatical que precisa seguir regras e princípios semânticos.

A crítica ao gerundismo geralmente recai sobre o seu uso excessivo e a perda da clareza da frase, o que pode levar a ambiguidades. Entretanto, há situações em que o emprego do gerúndio é perfeitamente adequado e até mesmo necessário para expressar a ideia pretendida.

Um dos principais contextos de uso correto do gerundismo é quando o verbo principal expressa uma ação ou estado contínuo e prolongado. Verbos como “dormir”, “trabalhar”, “viajar”, “estudar”, “pensar”, “esperar”, “andar” e muitos outros se encaixam nessa categoria. Nesses casos, o gerúndio complementa a ideia de permanência da ação principal, indicando que a ação verbal está em processo ou que dura um período de tempo considerável.

Por exemplo:

  • Correto: “Estou trabalhando no projeto há meses, aprendendo muito com cada detalhe.” (O gerúndio “aprendendo” indica que a aprendizagem é contínua e faz parte do processo de trabalho.)
  • Correto: “Ana estava viajando pela Europa, visitando diversos países.” (O gerúndio “visitando” descreve uma ação que acompanha a viagem e que dura todo o período.)
  • Incorreto (possivelmente): “Comprei um livro para ler na viagem.” (Depende do contexto. Se a leitura acontecer durante toda a viagem, o gerúndio seria apropriado. Se for uma ação única, o infinitivo seria melhor.)

Além da continuidade da ação, o gerundismo pode ser apropriado em casos em que o gerúndio exprime uma ação que ocorre concomitantemente à ação principal, como uma circunstância ou um detalhe adicional. Isso, entretanto, exige que a relação entre as duas ações seja clara e não gere ambiguidade.

  • Correto: “Andando pela rua, avistou um amigo antigo.” (A ação de andar está relacionada a encontrar o amigo.)
  • Correto: “Enquanto estudando para a prova, percebeu que estava esquecendo informações importantes.” (O estudo gera a consequência de perceber a falha de memorização.)

É fundamental, contudo, evitar o gerundismo excessivo ou inadequado. A análise do contexto, da intenção comunicativa e da relação entre as ações envolvidas é crucial para um uso correto e eficiente do gerundismo. A clareza e a precisão na escrita devem sempre prevalecer. Ao optar pelo gerúndio, certifique-se de que ele enriquece a frase, sem obscurecer o sentido ou torná-la confusa.