O que significa falar em Libras?

Muito além das mãos: O que significa falar em Libras?

Quando falamos em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, frequentemente a associamos apenas a gestos que permitem a comunicação com pessoas surdas ou com deficiência auditiva. De fato, essa é uma faceta importantíssima da Libras, mas reduzir sua definição a isso seria como dizer que o português se resume a um punhado de letras.

Falar em Libras é falar de identidade, cultura e acessibilidade. É reconhecer que a comunidade surda possui uma língua própria, completa e complexa, com gramática, expressões e até mesmo sotaques regionais, assim como qualquer outra língua.

Imagine só: você cresce em um mundo onde a comunicação predominante é sonora. De repente, descobre que existe uma forma de se expressar e compreender o mundo através das mãos, do corpo e das expressões faciais. A Libras se torna, então, muito mais que um código, mas sim a porta de entrada para um universo de pertencimento e significado.

A Língua Brasileira de Sinais foi reconhecida como língua oficial da comunidade surda brasileira em 2002, após anos de luta por inclusão. Essa conquista significou um passo crucial na garantia de direitos básicos, como o acesso à educação e à saúde.

Entretanto, a luta por acessibilidade não termina com a oficialização da língua. A realidade é que ainda vivemos em uma sociedade majoritariamente incomunicável para os surdos. A falta de intérpretes em diversos espaços, a carência de materiais acessíveis e o desconhecimento da própria Libras por parte da população ouvinte são apenas alguns dos obstáculos enfrentados diariamente.

Portanto, falar em Libras transcende a mera ideia de aprender sinais. É mergulhar em uma cultura rica e singular, é lutar por uma sociedade mais justa e inclusiva, e é reconhecer a riqueza e a diversidade da comunicação humana. É, acima de tudo, abrir mão do silêncio e dar voz a quem se comunica pela poesia dos gestos.