Quando usamos o infinitivo pessoal?

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O infinitivo pessoal entra em cena para expressar ações de forma geral, mas com um toque de individualidade, indicando quem as realiza. Frequentemente, ele surge acompanhado de preposições, como em para fazermos ou ao saírem. Essa flexão do infinitivo confere nuances específicas ao discurso, permitindo clareza sobre o sujeito da ação.

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O Infinitivo Pessoal: Mais que uma Flexão, uma Nuance de Sentido

O infinitivo, tradicionalmente apresentado como a forma nominal do verbo (ex: amar, partir, correr), muitas vezes é visto apenas como uma forma neutra, desprovida de sujeito explícito. No entanto, a língua portuguesa dispõe de uma ferramenta poderosa e muitas vezes subestimada: o infinitivo pessoal. Enquanto o infinitivo impessoal (amar, partir, correr) não indica explicitamente quem realiza a ação, o infinitivo pessoal (amarmos, partires, correrem) especifica o sujeito da ação verbal, adicionando nuances semânticas e estilísticas significativas ao texto.

A utilização do infinitivo pessoal é crucial quando se busca clareza e precisão na atribuição da ação verbal, evitando ambiguidades que o infinitivo impessoal pode causar. Imagine a frase: “Eles pediram para sair”. A quem se refere “sair”? Aos próprios “eles” ou a outra pessoa? O uso do infinitivo pessoal resolve a ambiguidade: “Eles pediram para saírem” (a ação de sair se refere a outra pessoa, diferente de “eles”) ou “Eles pediram para si saírem” (caso a ação de sair seja voltada para eles próprios).

A presença do infinitivo pessoal, portanto, não é meramente uma questão gramatical, mas sim uma opção estilística que contribui para a elegância e a precisão da escrita e da fala. Sua escolha está diretamente ligada à necessidade de se explicitar o sujeito da ação, evitando possíveis leituras errôneas.

Observe as diferenças sutis, mas importantes, entre os exemplos a seguir:

  • Infinitivo Impessoal: “É importante estudar.” (Sujeito indeterminado; quem deve estudar?)

  • Infinitivo Pessoal: “É importante estudarmos.” (Sujeito determinado: nós)

  • Infinitivo Impessoal: “Vi o carro partir.” (Sujeito implícito; quem partiu?)

  • Infinitivo Pessoal: “Vi o carro partir-se.” (reflexivo; o carro partiu a si mesmo) ou “Vi-o partir.” (o sujeito da ação “partir” é “o”)

  • Infinitivo Impessoal: “Decidi ir ao cinema.” (Sujeito implícito; quem irá?)

  • Infinitivo Pessoal: “Decidi ires ao cinema.” (Sujeito determinado; tu irás)

A escolha entre o infinitivo pessoal e impessoal, portanto, requer atenção à construção frasal e ao contexto. Enquanto o impessoal pode ser usado em contextos em que o sujeito é irrelevante ou facilmente inferível, o pessoal se torna fundamental quando a especificação do sujeito é crucial para a compreensão do sentido.

Em resumo, o infinitivo pessoal é um recurso valioso da língua portuguesa, que permite maior precisão e clareza na expressão da ação verbal, principalmente quando há necessidade de explicitar o sujeito da ação, evitando ambiguidades e conferindo maior sofisticação à escrita e à fala. Sua utilização consciente enriquece a comunicação, tornando-a mais eficiente e expressiva.